Oficiais generais presentes à cerimônia do Dia do Aviador,na Base Aérea de Brasília, na terça-feira (dia 23), declararam-se, supostamente, “desrespeitados” com declarações do candidato presidencial Fernando Haddad (PT), por conta de suas declarações acerca da inferioridade bélica das Forças Armadas brasileiras em relação às venezuelanas.
As declarações que teriam contrariado os chefes militares foram feitas na entrevista do petista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, exibida na noite de segunda-feira (22). Na oportunidade, Haddad, referindo-se a Bolsonaro afirmou que: “o filho dele (Eduardo Bolsonaro), na Avenida Paulista, disse que vai declarar guerra à Venezuela. Ele nem conhece a situação das Forças Armadas. A Venezuela tem condições bélicas superiores a do Brasil”. Segundo o petista, “para o Brasil declarar guerra e mandar jovens brasileiros morrer na fronteira com a Venezuela ou pede ajuda para um império internacional, provavelmente os americanos, para quem ele bate continência, ou nós vamos mandar jovens brasileiros pobres provavelmente para morrer em um conflito que não é o nosso”.
Os “corajosos” militares, que compareceram à cerimônia junto com o presidente golpista, Michel Temer, teriam falado “na condição de anonimato“, afirmaram que estavam “ofendidos” e “desrespeitados”, pois o petista estaria “menosprezando” a formação dos militares brasileiros. Ainda segundo os “porta-vozes” do partido militar golpista, os militares já estavam incomodados com o candidato do PT, por conta do mesmo ter declarado que “as instituições estão se sentindo ameaçadas, inclusive pela linha dura de parte das Forças Armadas”.
Claramente os militares não se incomodaram com o fato de que – mesmo que timidamente – o petista tenha denunciado a condição subserviência de Bolsonaro e de todos os militares aos interesses norte-americanos na Venezuela e em todo o continente latino-americano. Nisto eles concordam e não se incomodam com a “carapuça” de servirem “à pátria do grande capital norte-americano”.
Afinal de contas as demonstrações de subserviência desses senhores aos interesses do “Tio Sam”, não são poucas. Participaram diretamente das articulações golpistas para derrubar a presidente Dilma Rousseff e empossar o proposto da Shell e de outros monopólios internacionais, Michel Temer. Assumindo cada vez mais poder no regime golpista e ajudando a sustentar o governo moribundo de Temer, os militares endossaram todas as medidas de ataques aos trabalhadores e à economia nacional em favor dos grupos estrangeiros, como o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, a famigerada reforma trabalhista, os “leilões” de entrega do pré-sal, a desnacionalização em larga escala da Amazônia etc. Sabedores de que esta política não tem qualquer apoio popular, os chefes militares participaram diretamente da fraude das eleições, ameaçando diretamente o judiciário golpista para que este violasse abertamente a Constituição, condenando sem provas, prendendo ilegalmente e cassando os direitos políticos (sem base legal) do ex-presidente Lula que, como todos sabem, venceria as eleições se fosse candidato.
Como parte dessa fraude e do avanço do golpe, os militares assumiram – de fato – o controle do judiciário – nomeando o ex-comandante do Estado Maior das FFAA para o cargo de “assessor especial da presidência” do Supremo Tribunal Federal. Indo mais além, diante da falência dos partidos por eles apoiados ao longo das ultimas décadas, os militares organizaram todo um esquema fraudulento para eleger dezenas de parlamentares militares, de outros órgãos de repressão (PF, PM’s etc.) e aliados defensores da “moral e dos bons costumes” (como o ator pornô Alexandre Frota), e se preparam para assumir o controle real do Legislativo, podendo indicar um preposto para comandar a Câmara e o Senado.
Diante de todo esse golpismo e submissão aos inimigos e sanguessugas do povo brasileiro e latino americano, os militares nada têm a dizer, mas “protestam” por que foram “menosprezados” em seu poderio bélico diante das forças armadas venezuelanas.
Talvez porque se sintam, diretamente, parte do maior, mais poderoso e destrutivo exército do mundo, capaz de bombardear e invadir países nos quatro cantos do planeta para fazer valer os interesses das empresas a que serve o exército imperial dos EUA.
A indignação evidencia que não é só Bolsonaro que bate continência para a bandeira dos EUA.