Assim que toma posse, Bolsonaro já anuncia nova intervenção das Forças Armadas sobre as Unidades Federativas. O Estado escolhido é o Ceará, e não parece uma escolha aleatória.
A intervenção em Roraima – porta de entrada entre Brasil e Venezuela – foi renovada na última semana, por mais três meses. A intervenção no Rio de Janeiro encerrou com o final do governo Temer, deixando um saldo de aumento da violência policial no Estado e maior controle federal sobre uma região estratégica do País. E os militares mostram sua disposição para avançarem no controle do País.
Ceará foi o estado com maior vitória de um candidato petista. Camilo Santana foi reeleito em Primeiro Turno, com cerca de 80% dos votos válidos. Em que pese a coligação fisiológica que elegeu Santana e suas posições capituladoras com o golpe, a presença do PT no governo cearense é suficiente para incitar a preocupação ao regime golpista.
A intervenção foi feita sob o pretexto de sempre – falta de segurança pública. Foi usada a técnica tradicional de usar incêndios a ônibus para fomentar a histeria de que o “crime organizado” tomou conta do Estado. É difícil saber em que medida a intervenção é imposta sobre o governo cearense ou é feita em regime de colaboração com o mesmo. Entretanto, o fato é que a intervenção é mais um prato cheio para a imprensa burguesa alardear a tradicional narrativa de que governos de esquerda são coniventes com facções criminosas, promover fascistas como Sérgio Moro, e buscar apoio do público para que se coloquem tanques na rua.
Que não restem dúvidas. Com todas as contradições do regime golpista, ele segue avançando. Quanto menos for sua capacidade de governar os diversos setores do brasileiros, mais tentarão recorrer à força para se manterem no poder. A mobilização contra o golpe deve continuar.