O militante dos sem terra e presidente do PCdoB do município de Jaciara em Mato Grosso (MT), Afonso João Silva, foi assassinado no último dia 14 de fevereiro na porta de casa, com mais de oito tiros de armas de grosso calibre; segundo a perícia seriam espingarda calibre 12 e revolver calibre 38.
Afonso era um dos responsáveis pelo assentamento União da Vitória, localizada no próprio município de Jaciara (148 km de Cuiabá), assentamento este que briga desde 2003 pela desapropriação a Usina Pantanal, do Grupo Naoum.
Aproximadamente 200 trabalhadores rurais reivindicavam desde aquela época, acampados às margens da rodovia federal BR-364, a determinação da justiça federal para que o grupo Naoum deixassem a área depois que ficou provado que as terras da Usina eram da União e que a própria justiça já havia decidido que a Usina havia ocupado o local de má-fé. Em 2013, finalmente, os trabalhadores sem terra ocuparam a área da Usina e, tanto o Incra quanto a Advocacia-Geral da União (AGU) defendem a inclusão dos referidos hectares no programa de reforma agrária, sendo que os trabalhadores já conquistaram várias decisões judiciais a seu favor, mas até hoje não se tem uma decisão judicial definitiva da posse da terra.
A Usina Pantanal é parte do processo onde o Grupo Naoum oferece bens para saldar dívidas trabalhistas da empresa. São ações trabalhistas que totalizam mais de 2 mil processos que se arrastam mais de 10 anos, que pode chegar à R$ 60 milhões.
A morte do líder sem terra do PCdoB, com tiros de armas de grosso calibre, evidencia que se tratou de uma execução realizada pelos latifundiários e usineiros que utilizam esse tipo de armamento, que através de seus bandos de extrema-direita a seus serviços, executou mais um líder da luta pela terra na região do Mato Grosso.
No caso de mais esse assassinato o que iremos presenciar é, mais uma vez, o Estado encobrir o crime, ainda mais quando a morte ocorreu no campo quando muita das vezes as próprias forças policiais do Estado atuam nas execuções. Neste sentido o PCdoB não pode alimentar a ilusão de que a Polícia Civil e a justiça do Estado irão fazer alguma coisa, sendo que essas instituições são controladas, muitas das vezes, pelos próprios mandates dos crimes.
Com o golpe de Estado, e consequentemente a chegada do ilegítimo/fascista Bolsonaro ao governo, houve um aumento gigantesco dos crimes e assassinatos no campo, já que os latifundiários e capitalistas se sentiram mais à vontade para executar as suas atrocidades aos trabalhadores e a população em geral.
Enquanto que os jagunços, seguranças privados e a polícia estão armados até os dentes para proteger os capitalistas e seus governos, os trabalhadores continuam desarmados e sendo exterminados aos milhares.
Para fazer frente a essa política de extermínio no campo é necessário organizar comitês de autodefesa no campo, nos assentamentos e acampamentos dos sem terra e lutar pelo direito ao armamento de toda a população.