Na última segunda-feira (24/8), o ex-presidente da Argentina Eduardo Duhalde, da ala direita do partido peronista, declarou na TV Clarín de que ano que vem não irá haver eleições municipais na Argentina, além de denunciar um golpe militar no país no próximo ano e que todo continente sul-americano está dominado pelos militares. A declaração é praticamente isolada diante das ilusões da esquerda sobre uma perspectiva de saída pelas eleições. Ele diz:
“No ano que vem não irá ter eleiçoes, porque Argentina é a campea das ditaduras militares”
Na entrevista ele apontou sobre um clima político reacionário contra a continuidade do governo de Alberto Fernández, exatamente como no restante do continente, sendo usado o exemplo do Brasil e outros países da regiao. Já foi denunciado pelo Diário Causa Operária a criação de um “bolsonarismo” argentino para derrubar Fernández e varrer o peronismo, força nacionalista burguesa que, como tal o Partido dos Trabalhadores, está sendo varrida do cenário político através do golpismo. Golpes esses que são ditados pelo imperialismo na America Latina.
“Sabe o ridículo que é pensar que em 2021 vá haver eleições?”, prossegue Duhalde na entrevista. É interessante o tom incisivo do ex-presidente em demonstrar que as eleições municipais serão uma farsa total. É análoga a situação brasileira, onde toda esquerda está toda caindo no golpe eleitoral, apostando uma saída política na situação atual pelas eleições, a chamada “luta institucional”.
Que é uma grande ilusão que não fica somente nas fronteiras com o Brasil, mas transpassa toda esquerda moderada em toda América do Sul.
“Não vá haver eleições. Por que vá haver eleições? Temos um recorde, a quem não sabe …: entre 1930 e 1940 tivemos 14 ditaduras militares, presidentes militares” diz Duhalde denunciando algo que, principalmente nas proximidades das fantasias eleitorais, fica totalmente obscurecido no mar de demagogia que é as eleiçoes, principalmente as municipais. “Quem ignora que o militarismo está se levantando outra vez na América é porque não sabe o que está acontecendo. Ou não sabemos que o Brasil tem um governo democrático cívico-militar? Sabemos o que é a Venezuela, o que é a Bolívia. Sabemos que no Chile não tem somente os que estão como fator de poder, antes de mais nada, é o Exército”
É importante destacar que ele coloca Venezuela no meio do avanço dos militares porque ele é um direitista. Mas que independentemente disso, no essencial do que se coloca nessas colocações, existe mesmo um avanço dos militares. Quando perguntado se o golpe seria em Aberto Fernández, ele responde prontamente: “Nao será em Alberto Fernandéz, não personalizemos. Argentina corre esse risco, porque a verdade é que isto é um desastre tao grande que não pode chegar a nada bom. A gente vai se rebelar”. É importante o exemplo do Brasil, que ele chama de “governo democrático civil-militar”, que é uma forma um tanto confusa de abordar o problema, mas verdadeira. “Democrático” porque passou por eleições, tão fraudadas como serão na Argentina, e desse golpe saiu um governo com um civil atrás de uma junta de militares. Seis mil, para ser mais exato.
Todo esse avanço é orquestrado e feito pelo imperialismo, principalmente o norte-americano na região, para controlar melhor o regime político desses países, porque só com um regime de força que será possível entregar as riquezas do continente ao imperialismo e conter pela repressão a rebeldia das massas.