Na tarde do último domingo (23), dois policiais de Wisconsin, provando, mais uma vez, o caráter puramente repressivo do aparato policial estadunidense, dispararam 7 tiros, à queima-roupa, nas costas de Jacob Blake, homem negro e residente de Kenosha. Segundo a representação jurídica de Blake – a mesma de George Floyd -, este se encontra em estado grave, internado em um hospital em Milwaukee.
Segundo as autoridades locais, os dois policiais, que agora estão afastados de suas atividades, respondiam a um chamado de violência doméstica na região. Aparentemente, Blake tentava separar uma briga entre duas mulheres quando, após entrar em sua SUV, foi alvejado impiedosamente na frente de sua família pelos dois agentes do estado burguês.
No mesmo dia, mais uma série de manifestações estouraram no país. Inicialmente, possuíam um caráter pacífico. Todavia, seguindo a tendência à radicalização da população, demonstraram um feitio verdadeiramente combativo – por mais que anarquista -, entrando em combate direto com a polícia e incendiando prédios e estabelecimentos públicos. Houve, inclusive, um episódio em Kenosha em que protestantes armados expulsaram um blindado da polícia, comprovando a necessidade de a população se armar contra o aparato sanguinolento do estado burguês.
Ademais, Tony Evers (democrata), governador de Wisconsin, se colocou contrário, em seu Twitter, ao ocorrido:
Não devemos oferecer nossa empatia. Devemos olhar para o trauma, o medo e a exaustão de ser negro em nosso estado e em nosso país
Entretanto, demonstrando que seu apoio é puramente demagógico, se limitou a chamar uma sessão especial do Legislativo na semana que vem para avaliar mudanças na polícia. Sem contar que, frente à intensificação das manifestações, que já contam com manifestantes jogando coquetéis molotov e fogos de artifício contra os policiais; acirrou seu combate à mobilização popular e pediu ajuda da Guarda Nacional para manter a ordem.
No começo deste ano, uma onda de manifestações ocorreu contra o assassinato de George Floyd. Todavia, houve uma intensa campanha por parte da burguesia imperialista para que essas mobilizações fossem ofuscadas e sofressem um breve refluxo. Isso se dá, em um dos lados, por meio da demagogia da esquerda pequeno-burguesa estadunidense, que ilude o povo com promessas dentro das eleições gerais que ocorrerão no final de 2020 com o objetivo de manter a ordem política vigente. Além disso, a intensificação da utilização das forças armadas para combater essas revoltas se mostrou extremamente eficiente, até porque o governo imperialista dos Estados Unidos não teve um pingo de piedade e preocupação ao violentar grande parte da população que estava nas ruas.
O que vem ocorrendo em Kenosha só demonstra a força da mobilização do povo, e, acima disso, sua inevitabilidade. O fato é que a tendência existe e, como aferido nos últimos meses, existe de uma forma extremamente explosiva. Nesse sentido, o imperialismo, sabendo da potência que as manifestações populares possuem, procura reprimir a população de todas as formas, visando a manutenção de sua política genocida.
Mais do que nunca, é preciso defender de forma incondicional a mobilização do povo norte-americano. Ainda mais dentro do coração do imperialismo, a população do Estados Unidos é um exemplo para o resto do mundo de o que fazer: ir às ruas para pôr um fim à dominação da burguesia sobre os trabalhadores, responsável pela morte de milhões de pessoas ao redor de todo o mundo.