Os Estados Unidos farão todo o possível para obstruir investigações sobre crimes de guerra cometidos por eles durante a ocupação do Afeganistão, segundo uma fala de Mike Pompeo, secretário de estado norte-americano. A fala se deu no momento em que o Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual não fazem parte os Estados Unidos, abriram uma investigação para apurar os crimes de guerra em território afegão. Tanto o exército quanto a CIA tiveram participação nos crimes de guerra.
No ano passado, a responsável pelo pedido de abertura do inquérito, Fatou Bensouda, teve seu visto para viajar para os EUA recusado, após Mike Pompeu ter falado que o país imperialista recusaria o visto de todos os que apoiassem as investigações. Segundo Bensouda, os EUA “cometeram atos de tortura, tratamento cruel, ultrajes à dignidade pessoal, violações e violência contra detidos”.
Dentre os crimes de guerra dos EUA estão o desaparecimento, mortes, torturas e execuções tanto militares quanto de civis. O exército norte-americano também matou presos sob custódia, destruiu artefatos culturais importantes, bombardeou hospitais e dizimou povoados inteiros, sendo que alguns desses povoados foram invadidos e destruídos à noite, enquanto as pessoas dormiam.
Em 2015, veio à tona que o Departamento de Defesa dos EUA deram carta branca para que seus aliados das forças armadas afegãs tivessem crianças como escravos sexuais, o que possivelmente ainda ocorre dentro do país. Pelo menos 9 crianças morreram ou foram mutiladas por dia desde que os EUA invadiram o país árabe. As crianças são também as principais vítimas dos ataques aéreos norte-americanos, que simplesmente destroem casas de civis e vilarejos inteiros.
Em 2009 e em 2010, ficou famoso também o caso de três afegãos mortos por militares norte-americanos, que após fuzilarem os três civis, tiraram fotos com os corpos e levaram seus pertences embora como se fossem troféus de caça (Bacurau não está nem um pouco longe da realidade). Bem conhecidos são também os casos de tortura na prisão de Bragam, em que os prisioneiros eram duramente torturados e assassinados. Alguns deles eram acorrentados elos pulsos e, depois, eram puxados pelas correntes de modo a se chocarem com o teto.
Durante as buscas por Osama Bin Laden, vários afegãos foram mortos pelo exército de ocupação dos EUA, que preferiam matar qualquer um que se parecesse com Osama à “perder a oportunidade” de não pegar o verdadeiro chefe da Al-Qaeda.
Há de se lembrar que os EUA e o Talibã assinaram um acordo no último dia 29 de fevereiro, que previa a retirada total dos exércitos norte-americanos do Afeganistão. No entanto, o exército de ocupação já realizou operações militares no país e não dá mostras de que respeitará o acordo feito.