Como era de se esperar, o governo Biden (Democratas) em nada mudou a relação dos setores oprimidos com o aparato repressivo do Estado. A revolta popular, longe de arrefecer, é estimulada dia após dia através da guerra declarada contra a população pobre, os negros, latinos etc. Nesse último domingo, 11, a polícia assassinou mais um negro em Minneapolis, no estado de Minnesota. O crime – reproduzindo o modus operandi das forças repressivas —, ocorreu a cerca de 16 quilômetros de onde George Floyd foi brutalmente assassinado há cerca de um ano.
Não é de hoje que a população negra é alvo da política reacionária do imperialismo norte-americano. Desta vez, Daunte Wright, de 20 anos, foi vítima da polícia que o alvejou à queima roupa. Embora Tim Gannon, chefe da polícia local, tenha defendido que houve um erro por parte do policial ao confundir o taser com a arma de fogo, ao divulgar o vídeo da abordagem de Wright, Gannon riscou o fósforo e incendiou o pavio da rebelião popular.
“A policial sacou sua pistola no lugar do taser”, disse Gannon, comandante da polícia de Brooklyn Center. Ainda segundo ele, “foi um tiro acidental que resultou na trágica morte”.
Como resposta, centenas de manifestantes se reuniram em frente ao departamento de polícia do bairro de Brooklyn Center. Os policiais, preparados para a repressão, encontravam-se prontos e armados até os dentes com equipamentos de choque. A tensão é tanta que o governo de Minnesota impôs um toque de recolher e mobilizou a polícia estadual e até mesmo a Guarda Nacional. A intenção, no entanto, não causou impacto na população que estava disposta a sair às ruas. No Texas, seguindo a onda de manifestação popular contra o assassinato, a mobilização popular estava apenas ganhando força.
Com gritos contra o racismo diante de delegacia de Brooklyn Center, no subúrbio de Minneapolis, os manifestantes estamparam cartazes exigindo a punição dos policiais assassinos. “Prendam todos os policiais assassinos racistas”, “eu sou o próximo” e “sem justiça não há paz”. A morte de Wright colocou novamente a situação do negro no país. O assassinato de negros, ao contrário do que pensa a intelligentsia pequeno-burguesa, não deixaria de acontecer com a vitória de Biden. Como sintoma da podridão reacionária do regime político estadunidense, a voz dos oprimidos ecoou em outros locais e atingiu até mesmo times de basquete, futebol americano e beisebol de Minnesota (Timberwolves, Wild e Twins), que se recusaram a jogar as partidas que estavam agendadas para segunda-feira, 12, em Minnesota.
O grupo ativista Black Lives Matter, sempre presente nos protestos, adotou uma postura mais altiva e alguns integrantes saíram armados para fazerem a segurança dos manifestantes. Em Dallas, Texas, os ativistas marcharam pelas ruas, ocuparam um restaurante e fizeram piquete em um hotel. A mobilização ocorreu na noite de terça-feira, 13, com palavras de ordem e gritos “Daunte Wright”, assassinado em Minnesota, bem como de Marvin Scott III, outro homem negro que morreu sob custódia policial no Texas no mês passado. O presidente dos EUA, buscando passar uma imagem de democrata e defensor dos oprimidos, como na campanha demagoga apoiada pela esquerda pequeno-burguesa, chamou a morte de “trágica”, no entanto, disse ser contra manifestações violentas e que “não há absolutamente nenhuma justificativa para saques”.
Os protestos não pararam e 40 pessoas foram presas no segundo dia de manifestações. A burocracia estatal, ciente do risco de uma ampla rebelião de massas, adiantou-se e, por determinação do chefe de polícia, Kimberly Potter – a policial que atirou em Wright, foi suspensa. “Não há nada que eu possa dizer para aliviar a dor da família Wright”, disse o chefe de Gannon. Evidentemente, o sofrimento da população negra norte-americana está intimamente vinculado à relação destes com o Estado. É através do terrorismo de Estado que o regime político estadunidense procura tolher as demandas populares e sufocar todos os setores oprimidos do país. Conclui-se, com absoluta tranquilidade, que o avanço dos direitos democráticos dos oprimidos depende de uma verdadeira rebelião popular capaz de derrubar o caduco regime capitalista estadunidense, substituindo-o por um governo dos trabalhadores. A sequência de assassinatos, tendo como estopim o caso de George Floyd, revela a farsa da política para os negros nos EUA, pois, mesmo depois de grandes manifestações no caso de Floyd, a polícia ainda alimenta a sede por sangue negro. É preciso uma política que atenda às demandas dos setores oprimidos e que busque a liquidação da direita.