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Biden, candidato imperialista

EUA: resgate da democracia pelos que impuseram a Lei Patriótica?

Não há que comemorar com a eleição de Joe Biden. Ele é o candidato do imperialismo, continuador da política de George Bush e Barack Obama.

Nesta quinta-feira, dia 5, Joe Biden se aproximou de se tornar o vencedor da eleição presidencial norte americana. Ele tinha 253 delegados contra 214 de Donald Trump, sendo que para ser o vencedor é necessário conseguir 270 delegados.

A vitória de Joe Biden tem sido celebrada por toda a imprensa tradicional e por boa parte das esquerdas como o resgate da democracia e uma derrota do fascismo. Será que isso faz mesmo sentido? Será que há motivos para comemoração?

Trump

Para muitos Donald Trump é o demônio a ser exorcizado na Casa Branca, um personagem de extrema direita, que tem a simpatia do governo Jair Bolsonaro, que assim como este, negou o perigo da pandemia de coronavírus, desestimulando o uso de máscaras e outros procedimentos para evitar a doença, mesmo com a ocorrência de centenas de milhares de mortes. Trump é também um racista e xenófobo, que prometeu construir um muro gigante e intransponível que separasse de vez os Estados Unidos do México, para impedir a “invasão” do país por imigrantes ilegais.

Trump acelerou a deportação de imigrantes ilegais, como parte da sua política de tolerância zero contra imigrantes flagrados tentando entrar ilegalmente no país a partir da fronteira mexicana. Como consequência muitas famílias foram separadas e crianças e adolescentes foram enviados para abrigos espalhados pelo país para servir de exemplo e desestimular outras pessoas a fazerem essa jornada pela fronteira. Foram cerca de 3000 menores separados dos familiares. A forte reação negativa à medida fez com que o governo Trump recuasse da medida e colocasse um fim às essas separações.

Neste lamentável episódio Trump recebeu o apoio irrestrito do presidente golpista Jair Bolsonaro, que também concordou com a deportação dos brasileiros ilegais.

Trump enfureceu os ambientalistas, implantando, ao longo dos anos, várias medidas que afetaram o meio ambiente, o ar e a vida silvestre, não só dos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Trump retirou os Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris em julho de 2017, um tratado que rege as medidas para a redução de emissão de gases estufa para conter o aquecimento global.

Segundo Trump o Acordo beneficiava outros países em detrimento das indústrias americanas. Nesse mesmo sentido Trump revogou medidas do Plano de Energia Limpa, em especial a favor da liberação da exploração energética do carvão mineral, altamente poluente, extraído especialmente em estados como a Virginia e o Kentucky.

Em contraste com Trump, o democrata Joe Biden vende uma ideia de candidato comprometido com a causa do meio ambiente, apoiando o Plano de Energia Limpa. Neste tópico a campanha de Biden visava atrair os setores da juventude, no que foi ajudado por figuras como a ativista sueca Greta Thunberg, representante de indústrias bilionárias que tem interesses na exploração da energia limpa.

Desse modo muitos pensaram que seria melhor trocar o fascista Donald Trump pelo outro candidato, do partido democrata, Joe Biden.

O histórico de Biden

Só que o histórico de Joe Biden não tem nada a recomendá-lo. Ele é um notório racista e que por isso mesmo escolheu como sua vice a juíza negra Kamala Harris, como tentativa de ocultação de seu passado. Kamala Harris serve para dar espaço para os negros e para as mulheres na campanha de Biden. Só que Kamala é uma procuradora das mais direitistas, tendo sido Procuradora Geral do estado da Califórnia, um cargo relacionado com a repressão do povo e por conseguinte dos negros.

O Diário Causa Operária já discutiu bastante sobre o passado racista de Joe Biden. Leia sobre isso em: O Passado racista de Joe Biden.

Joe Biden ou Joseph Robinette Biden Jr. é um político nascido em Scranton, Pensilvânia, que se tornou um dos mais jovens senadores americanos quando eleito em 1972, cargo em que esteve até 2009. Em 1988 chegou a se candidatar para as eleições presidenciais. Ele era considerado um dos candidatos mais fortes na disputa quando os jornais denunciaram que ele havia plagiado um discurso de um político inglês, Neil Kinnock. Na sequência vieram outras acusações de plágio em seu curso de formação em direito e de ter incrementado seu currículo com títulos fajutos, o que o levou a desistir de suas pretensões eleitorais.

Biden foi também, a partir de 1997, um membro do Comitê de Relações Internacionais do Senado americano, cargo em que permaneceu até 2009. Ele colaborou diversas vezes com os políticos republicanos, muitas vezes em atrito com os elementos de seu próprio partido. Nesse período Biden se encontrou com pelo menos 150 líderes de 60 países e organizações internacionais. Em 1999 durante a Guerra do Kosovo Biden apoiou o bombardeio das forças imperialistas na Iugoslávia, apoiando o então presidente Bill Clinton a usar todas as forças necessárias na guerra.

Biden apoiou ainda a guerra no Afeganistão em 2001, se alinhando ao governo do republicano George Bush. Apoiou também a caçada a Saddam Hussein, dizendo ser ele uma ameaça à segurança dos Estados Unidos e que não haveria opção, a não ser “eliminar a ameaça”. Em outubro de 2002 votou a favor da autorização ao uso da força militar contra o Iraque, enfatizando a farsa de que o Iraque possuía armas de destruição em massa.

Biden e seu apoio a Bush

Após os acontecimentos do 11 de setembro George Bush impôs a Lei Patriótica (USA Patriot Act). Esta lei foi implantada com o objetivo de endurecer as leis americanas contra os atos terroristas, permitindo a vigilância pelas agências do governo, incluindo gravar telefonemas nacionais e internacionais e aumentar as penas para os chamados “crimes de terrorismo”.

Essa lei foi muito conveniente para os interesses do governo Bush e só serviu mesmo para dar mais poderes ao governo americano, permitindo a eles espionar as pessoas sem risco de serem processados, fazendo buscas em casas sem consentimento, atropelando direitos da população e permitindo que as agências governamentais pudessem ter um controle ainda maior sobre as pessoas, aumentando o risco de que qualquer pessoa podia ser acusada de crimes sem qualquer motivo.

Biden, assim como em outras medidas tomadas por Bush, apoiou totalmente a implantação da Lei Patriótica.

Como reconhecimento a seu apoio irrestrito George Bush foi uma das figuras de destaque a apoiar a campanha de Joe Biden. Bush e centenas de outras autoridades que trabalharam para o ex-presidente republicano manifestaram o seu apoio a Biden formando um comitê chamado 43 Alumni for Biden. Isso demonstra mais uma vez, que Joe Biden é o candidato do imperialismo e que praticamente não existem diferenças entre os dois maiores partidos dos Estados Unidos, são dois lados da mesma moeda. Esse grupo disfarça a sua política imperialista sob a máscara de “princípios valem mais do que a política”.

Esta política de invasão da privacidade das pessoas foi denunciada por Edward Snowden, ex-analista de sistemas da Agência de Segurança Nacional. Ele foi perseguido pelo governo americano após este vazar milhares de documentos confidenciais para jornais como o Intercept, The Guardian e Washington Post, que tornavam evidente que a espionagem das pessoas não havia parado no governo Bush, mas continuado pelo governo de Barack Obama.

Biden e Obama

Entre 2009 e 2017 Joe Biden foi o vice-presidente de Barack Obama. Obama foi um dos mais belicosos presidentes americanos, o supremo representante do imperialismo e verdadeiro senhor da guerra.

Durante seus dois governos Obama impulsionou as forças armadas americanas com guerras contra o Iraque, o Afeganistão, a Líbia e Síria, além de promover golpes de estado em vários países, incluindo o Brasil. Segundo dados, apenas em seu último ano de governo, 2016, os Estados Unidos realizaram mais de 26 mil bombardeios em sete países, ou algo como 70 bombardeios por dia. Naquele ano o maior alvo foi a Síria, onde o foco foi o ISIS, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

O imperialismo, através da figura de Obama, esteve presente no golpe de estado, que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff, a prisão de Lula e a consequente eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro.

Não se pode esquecer também que foi durante o governo de Barack Obama que começou a desestabilização do governo na Venezuela. Em março de 2015 Obama declarou a Venezuela uma ameaça à segurança dos Estados Unidos impondo uma série de sanções contra o país sob o pretexto de o governo de Nicolás Maduro ser ditatorial. Foi então que começou o bloqueio econômico contra o país e uma série de tentativas de golpes de estado. Foram mais de 150 sanções econômicas, não apenas pelos Estados Unidos, mas também da União Europeia, do Canadá e do Reino Unido e pelo menos 11 tentativas de golpe, todas motivadas pelo interesse do imperialismo nas enormes reservas petrolíferas do país.

Joe Biden, cínico, declarou que Nicolás Maduro é um tirano e que durante o governo Trump ele se fortaleceu e que “as pessoas na Venezuela estão vivendo pior, em uma das mais graves crises humanitárias do mundo”. É muita cara de pau denunciar uma crise humanitária que é causada pelo bloqueio econômico feito pelos próprios Estados Unidos. Biden aproveitou para fazer sua demagogia com os venezuelanos prometendo não expulsar aqueles que “fugiram do regime opressor de Maduro”.

Nos últimos dias houve um acontecimento interessante que foi uma matéria escrita por Glenn Greenwald, que tentou publicar uma matéria no seu jornal, o The Intercept, onde revelava depoimentos de testemunhas que criticavam a conduta de Joe Biden. Greenwald foi censurado e como consequência se demitiu do jornal online que ele mesmo fundou.

The Intercept é um órgão fundado em 2014 e cujo proprietário é Pierre Omidyar, um multibilionário, dono do site de leilões Ebay. Evidentemente que a matéria de Greenwald era um risco para os interesses dos capitalistas. Mais uma vez se evidencia aí que Biden é o candidato do imperialismo, que está fazendo de tudo para colocá-lo na presidência dos Estados Unidos.

Finalmente, provavelmente o fator que mais agradou amplos setores da esquerda a apoiarem a candidatura de Biden foi a demagogia que ele faz usando as políticas identitárias.

Biden se apresenta como o candidato dos negros, das mulheres, dos imigrantes, das minorias, como um contraponto ao racismo e homofobia de Donald Trump. Devemos lembrar que o identitarismo é uma política impulsionada pela direita, como uma maneira de manipular as pessoas de viés progressista. Não que as questões das mulheres, negros e LGBTs não tenham importância. São muito importantes, mas devemos levar em conta que em primeiro lugar temos que considerar a luta de classes. O povo americano está sendo levado para um estado de miséria por conta do capitalismo. O povo brasileiro deve sofrer as consequências desta eleição pela atuação do imperialismo. Um dos principais ataques de Biden ao Brasil deve ser a Amazônia. Biden ameaçou uma intervenção caso o Brasil não proteja a Floresta Amazônica e garanta a preservação do meio ambiente. Não temos dúvida que isso se trata de uma ameaça e sinal claro de como será o seu governo.

Por tudo isso não há motivos para comemorar a vitória de Biden. Será a continuação da política de guerra levada por George Bush e Barack Obama.

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