No dia 23 de agosto de 2020, no condado de Kenosha, estado de Wisconsin, EUA, o mundo se espantava com o caso de Jacob Blake. Ele sofreu tentativa de assassinato, sendo baleado 7 vezes nas costas, à queima roupa, na frente dos filhos pelo policial norte-americano Rustin Sheskey. Blake passava com seus 3 filhos e teria parado seu carro para resolver uma discussão entre duas mulheres na rua e, quando a polícia chegou, o considerou um suspeito imediato simplesmente por ser negro.
O policial, indivíduo branco, de modo canalha, tentou justificar sua ação declarando que Blake teria desobedecido uma ordem sua. 7 tiros, à queima roupa, nas costas, na frente de seus filhos. Os tiros não o mataram, mas deixaram-no paraplégico, além de um trauma imensurável sobre os filhos de Jacob Blake.
Na última terça-feira (05), o promotor de justiça do condado de Kenosha, Michael Graveley determinou que o policial Rustin Sheskey não iria ser acusado por nenhum crime contra a vítima. Os absurdos feitos contra Jacob Blake nunca foram considerados violência. No início, quando milagrosamente se recuperava dos tiros, mesmo paraplégico, ele ficava algemado à cama do hospital. A determinação do promotor causou protestos em todo os EUA.
Antes de anunciar a decisão para a imprensa, o promotor teria informado o resultado às autoridades de Kenosha temendo um novo levante dos trabalhadores negros em Winconsin. Foram convocados cerca de 500 soldados da guarda nacional para reprimir possíveis protestos.
A decisão da justiça mostra que a luta pela destruição do Estado capitalista, essencialmente racista, não pode contar com a contribuição da justiça, pois esta já está tomada pela burguesia e advoga para a casta de empresários, em sua esmagadora maioria branca. Dessa maneira, o movimento negro deve se organizar de forma autônoma para colocar por terra as instituições racistas criadas e guiados pelos capitalismo.
Estrelas do esporte, da arte e diversos movimentos sociais nos EUA “lamentaram” a decisão do promotor. A esperança deles era que o policial fosse severamente punido. É preciso superar essa perspectiva da luta antirracista identitária, pois a luta dos negros não contra o policial, e sim contra o sistema capitalista que alimenta o racismo e é alimentado por ele. O policial racista deve ser punido, mas o fato é que não estamos numa sociedade normal, e o crime contra Blake não é um caso isolado.
Nos EUA, segundo o Economic Policy Institute, proporcionalmente a população branca é 10 vezes mais rica do que a população negra. Cerca de 13% da população norte-americana é negra, porém, considerando apenas as estatísticas de pessoas mortas pela polícia, os negros são 23%. O que ocorreu com Blake é a expressão cotidiana de uma política capitalista de violência contra a classe trabalhadora pobre e negra, e a polícia é a principal arma desse sistema.
Nesse sentido, combater o racismo significa também combater as desigualdades sociais impostas pelo capitalismo, que usa a polícia como ferramenta para estigmatizar e criminalizar os negros. Esta que precisa definitivamente acabar, pois a polícia faz o trabalho de capanga para os ricos.