Após a Casa Branca recomendar que cirurgias eletivas, ou seja, procedimentos cirúrgicos não urgentes, deveriam ser adiadas enquanto perdurasse a crise do coronavírus por causa colapso no sistema hospitalar estadunidense, vários estados americanos passaram a restringir o acesso de mulheres ao aborto em clínicas e hospitais, cerceando esse direito por elas conquistado em estados como: Ohio, Texas, Mississippi, Maryland, Tennesse, Iowa, Oklahoma, Kentuch e Alabama.
No entanto, o aborto é um procedimento em que o tempo é um fator essencial para a saúde da paciente, pois, dependendo do estágio em que a gravidez se encontra, o risco passa a ser muito alto para a mulher que a ele se submete e, se estiver muito avançada, não pode nem mais ser mais feito.
Por isso, no sábado (4), a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que considerava o aborto como um procedimento essencial durante a crise do coronavírus. Segundo o documento elaborado pela instituição, que se dirigia principalmente a esses estados americanos: “os serviços relacionados à saúde reprodutiva são considerados parte dos serviços essenciais durante o surto de COVID-19. Isso inclui métodos contraceptivos, cuidados de saúde de qualidade durante e após a gravidez e o parto e aborto seguro em toda a extensão da lei”.
O que com certeza acontecerá, caso as restrições ao aborto se mantiverem, é que muitas mulheres acabarão por ter de recorrer a clínicas de forma clandestina ou, ainda, a procedimentos abortivos domésticos que as deixarão mais vulneráveis à complicações, tal qual ocorre quando não há leis que garantam o direito ao aborto para as mulheres, como, por exemplo, no Brasil, onde a cada dois dias morre uma mulher em decorrência de abortos feitos clandestinamente e onde mais de meio milhão de mulheres a eles recorrem.
Mesmo após a OMS se pronunciar, a direita norte-americana se aproveita da crise para atacar o direto das mulheres de recorrerem ao aborto de forma legal e segura em clínicas especializadas. impondo suas pautas ultraconservadoras.
Após o governador Greg Abbott, do Texas, anunciar o adiamento de todos os procedimentos eletivos no estado, o procurador-geral do estado tratou de acrescentar à essa medida todos os procedimentos de interrupção da gravidez, com exceção dos casos em que a vida da gestante ou do feto estejam em risco.
O procurador-geral do estado do Ohio solicitou que as clínicas de aborto nos municípios de Dayton, Cincinnati e Cleveland interrompessem a realização desses procedimentos. E em todo o estado as cirurgias de abortos estão proibidas por 20 semanas, ou seja, num período de 5 meses, o que tornaria impossível a sua realização de forma legal e segura, dado o limite no tempo de gestação para o procedimento.
No Brasil, o Senador direitista e ultraconservador Eduardo Girão (Podemos-CE), que declarou voto em Jair Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais, critica a OMS por defender o aborto como atividade essencial durante a crise da covid-19, atacando a entidade por ter um posicionamento político que, segundo ele, não estaria levando a sério a ciência, de acordo com a página do Senado Federal “SenadoNotícias” na internet.