O regime político norte americano, assim como em diversos países do mundo, encontra-se em uma profunda crise. Conforme discutido na última Análise Internacional, apresentada pelo companheiro Rui Costa Pimenta, é de fundamental importância o desenvolvimento da crise política e econômica nos Estados Unidos, afinal, trata-se do país capitalista mais importante, líder do bloco imperialista.
Podemos observar a profundidade da crise pela situação em que se encontram os dois maiores partidos dos Estados Unidos, pilares do tradicional regime bipartidário estadunidense. De um lado, no Partido Republicano, temos visto o fortalecimento de uma ala extrema-direita, movimento que vem se desenvolvendo desde a criação do Tea Party, e que vem corroendo a ala tradicional dos republicanos, que em situações normais ditaria a política partidária geral. Já no Partido Democrata, temos visto uma ala esquerda levantando a cabeça, a ponto de que, nas últimas eleições, a ala direitista dos democratas precisou implementar uma série de manobras para viabilizar a candidatura de Hillary Clinton sobre Bernie Sanders, uma das principais lideranças desta ala esquerda democrata. Embora Sanders seja um esquerdista pequeno-burguês, muito longe de ser revolucionário, o fato é que a sua candidatura revela uma profunda polarização no regime político norte americano, afinal, Sanders se declara como socialista abertamente nos Estados Unidos, berço da política macarthista.
Embora o setor mais importante do imperialismo, que apoiava a candidatura de Hillary, tenha conseguido suprimir Sanders nas últimas eleições, finalmente o imperialismo não conseguiu eleger Hillary, e Trump acabou sendo eleito. Desde então, a política do setor fundamental do imperialismo tem sido a de colocar Trump na linha. Este resultado foi parcialmente atingido; no entanto, este setor não está disposto a permitir que Trump continue levando àdiante a sua política, caso consiga se reeleger.
No caso específico do Partido Democrata, a ação política da burguesia imperialista é clara: a ideia é lançar diversos candidatos de esquerda, esvaziando assim a pré-candidatura de Bernie Sanders, o que poderia abrir caminho para o candidato da direita democrata, Joe Biden. Ao que parece, são cerca de 20 pré candidaturas esquerdistas no interior do partido democrata, o que certamente vai pulverizar o apoio de Sanders. Na cabeça deste movimento divisionista aparece Elizabeth Warren, que está desempenhando um papel muito similar ao que Ciro Gomes se prestou a fazer nas eleições do ano passado, o de dividir os votos do candidato majoritário da esquerda. Ao total, além dos três principais candidatos aparecem ainda
Não se trata aqui de uma análise ideológica, como se estivéssemos realizando uma espécie de debate entre candidatos esquerdistas, de um lado Warren, e de outro Sanders. Não, à despeito do que pensam ou declarem acerca de qualquer tema político, Elizabeth está efetivamente desempenhando um papel de pulverização da esquerda, enfraquecendo Sanders e favorecendo Biden. Caso Warren estivesse apoiada em algum movimento popular real ou tivesse relações mais profundas com a classe operária norte-americana, a candidata estaria representando um setor ainda mais esquerdista que o de Bernie. No entanto, não é o que se vê. Warren é uma professora universitária de direito e não possui maiores relações com sindicatos e movimentos populares nos Estados Unidos.
É preciso denunciar a manobra do imperialismo para evitar a campanha de Sanders. Mesmo não sendo um revolucionário, a candidatura de Sanders contribuiria enormemente com a polarização política nos Estados Unidos, e portanto, com o desenvolvimento de uma crise no seio do imperialismo internacional.