Durante entrevista coletiva na última segunda-feira (08/03) um alto funcionário do governo dos Estados Unidos declarou que este país pretende, em conjunto com seus aliados, aumentar a pressão sobre governo venezuelano de Nicolas Maduro para a sua derrubada e a instauração de um regime que atenda mais a seus interesses.
A declaração recheada com as acusações de praxe (governo que exerceria atividades criminosas e que violaria os direitos humanos) expõe a estratégia política que o governo estadunidense pretende manter com relação ao país sul-americano.
Uma intervenção militar ali não parece iminente, mas Washington deixa claro que manterá a política de estrangular o país por meio de sanções econômicas na esperança de que a consequente penúria dentro do país leve finalmente a população a apoiar uma mudança de regime. Até o momento esse tipo de política não obteve sucesso apesar das difíceis condições que o país está submetido. A inflação no ano passado atingiu a casa dos 3.000% e ontem foi lançada uma cédula de 1 milhão de bolívares equivalente a cerca de US$ 0,50.
Embora pouco noticiada uma outra forte fonte de pressão sobre as autoridades venezuelanas está vindo da Corte Internacional de Justiça de Haia. Em decisão referente à disputa entre a Venezuela e a Guiana em torno do território de Essequibo, região rica em petróleo, aquele órgão internacional de justiça se declarou competente para julgar o litígio entre os dois países. Isto a despeito de a Venezuela ter declarado expressamente não reconhecer sua competência no caso.
Tal decisão viola o princípio que estabelece a necessidade de consentimento das partes envolvidas para que aquele tribunal fixe sua competência parta julgar um caso. Um outro fato digno de nota é que a Guiana reconheceu publicamente que suas despesas com o caso foram custeadas pela empresa petrolífera estadunidense Exxon Mobil. Esta é mais uma frente na qual a soberania da Venezuela vem sendo atacada por forças que ponta de lança do imperialismo ianque.
Por outro lado, a nova administração estadunidense continua a apoiar o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó. Em entrevista ao jornal israelense Israel Hayom Guaidó afirmou acreditar que urânio extraído em seu país estaria sendo contrabandeado para o Irã, entre outros países. Contudo não apresentou provas nem deu maiores detalhes. Embora enfraquecido, desgastado e abandonado por muitos de seus aliados Guaidó continua firme a desempenhar o seu papel de agente do imperialismo com a missão de causar tantos problemas quanto possa ao governo venezuelano.
Na semana passada o Secretário de Estado dos Estados Unidos apresentou o que seria o delineamento da política externa estadunidense durante o governo Biden. O ponto mais notável do discurso foi a afirmação de que seu país não promoveria intervenções militares caras nem mudanças de regime através da força. Tal declaração, contudo, está em contradição com a política de estado ianque que necessita do funcionamento contínuo de sua máquina de guerra.
Portanto a Venezuela não pode descartar a possibilidade sempre presente de que a guerra que lhe é movida por meios econômicos escale para uma intervenção militar. Inexiste hoje um conflito sequer no mundo no qual o imperialismo estadunidense não esteja envolvido. A Venezuela é apenas um dos campos de batalha da guerra que o imperialismo move contra a humanidade.