Professores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), no estado de Minas Gerais, estão ameaçando iniciar uma greve caso haja a retomada das aulas presenciais em meio à pandemia de covid-19. O informe foi dado pela presidente da Associação de Docentes da Unimontes (Adunimontes), Ana Paula Thé, durante assembleia virtual realizada no dia 15 de outubro, dia do professor.
Em recado ao governo do estado, dirigido por Romeu Zema, do Partido Novo, Ana Thé declarou: “Não compactuaremos com a irresponsabilidade de gestores que não têm preocupação com a vida, mas apenas com a tentativa de demonstrar uma falsa normalidade”.
Segundo Ana, caso haja a decisão de volta às aulas sem que os campi da Unimontes estajam plenamente adequados à garantia da segurança de alunos, professores e funcionários, uma nova assembleia será convocada para discutir a organização de uma greve na universidade.
No início do mês, a Secretaria Estadual da Saúde de Minas Gerais publicou um protocolo para o retorno às aulas nas universidades do estado. A decretação do retorno às aulas está a cargo do Comitê Extraordinário Covid-19 da secretaria, que tem a atribuição de prover a infraestrutura necessária à segurança das atividades presenciais, como EPI’s, materiais de prevenção e diretrizes de organização ambiental.
No entanto, a realidade denunciada pelos professores na assembleia é que falta até papel higiênico nos campi. “Como imaginar que teremos máscaras e álcool gel?”, questionou a professora Bárbara Figueiredo, integrante do Comitê Covid-19 da Unimontes.
Os docentes temem que o governo do estado force um retomada das aulas sem que nada seja feito para garantir as condições mais básicas de segurança e higiene, o que não é improvável dado o descaso total dos governos de direita e até de esquerda com a população em meio à pandemia.
Outro fator de preocupação é o transporte dos estudantes, que circulam em ônibus lotados. Não há até o momento nenhuma providência tomada para garantir que os ônibus circulem com poucas pessoas.
Uma outra questão, além da sanitária, é a do aprendizado e rendimento acadêmico. O que está ocorrendo com o ensino à distância (EAD) é uma farsa onde os professores fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem. Por isso, contra o sucateamento do ensino no Brasil é necessária a suspensão do calendário escolar, para que todos os estudantes tenham acesso a uma verdadeira formação de qualidade, e não a um arremedo puramente burocrático.
Diante da mobilização grevista dos professores, os estudantes também devem se mobilizar para intensificar a campanha pela greve, única maneira de garantir a saúde da comunidade da Unimontes. Os governos já provaram ser completamente incapazes de garantir a saúde e a vida de quem quer que seja, inclusive alçando o Brasil à posição de campeão mundial de covid-19.
Somente a mobilização da comunidade escolar, em especial dos estudantes, setor mais combativo, pode garantir a efetiva defesa da saúde e da vida diante de governos genocidas. Por isso, mobilizar já a juventude e os trabalhadores da educação contra a volta às aulas sem vacina e pela suspensão do calendário acadêmico!