Em reunião entre os coordenadores de curso da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp) realizada na última quinta-feira (4), foi determinada a retomada das aulas presenciais já para a próxima segunda-feira (8) apenas para o curso de Medicina, um retorno progressivo dividindo, a princípio, o espaço da universidade em dois turnos entre metade das turmas do curso e que terminaria com o retorno de todas as turmas nos dois períodos no dia 22 de março.
Em entrevista ao sítio Campo Grande News, alguns alunos do curso manifestaram sua insegurança e insatisfação com a medida, ressaltando os impactos desastrosos da pandemia e o absurdo que foi o processo de decisão pela reabertura, tomada monocraticamente pela burocracia da instituição e sem fornecer alternativas aos alunos que não puderem participar das atividades práticas – realizadas em hospitais – por serem de grupos de risco, forçando-os a trancar o curso.
Devemos destacar que este é um curso de Medicina de uma universidade particular, isto é, um curso frequentado pelos filhos dos elementos mais ricos da pequena-burguesia, que, via de regra, nem mesmo tomam o transporte público. Sob a argumentação de que os cursos da área da saúde não deveriam parar, para que mais profissionais da área ingressem na força de trabalho e ajudem no combate à pandemia, estes cursos cumprem um papel oportuno para a campanha pela reabertura das escolas nos outros níveis, que ocorrerão – e têm ocorrido – em condições sanitárias muito piores do que as que os alunos do curso de Medicina da Uniderp estão prestes a enfrentar, como salas lotadas além do limite estabelecido pelas normas, fornecimento de equipamentos de proteção vencidos e, é claro, o uso do transporte público, principal meio de transmissão do vírus, por um grande número de alunos, professores e servidores, para o deslocamento até as escolas.
Este quadro, ao lado das notícias de contaminações e mortes de membros da comunidade escolar desde que foram retomadas as aulas presenciais em outros estados, reforça o quanto a mobilização estudantil contra a volta às aulas é uma questão urgente. Quando for viável, do ponto de vista da segurança dos envolvidos, a retomada do ensino presencial – o que, enquanto durar de forma completamente descontrolada a pandemia, parece estar muito longe da realidade -, esta decisão deve ser, em primeiro lugar, tomada pelos estudantes organizados em cada instituição.