A crise do Coronavírus está evidenciando vários problemas na questão da saúde e direitos das mulheres, principalmente o aborto. Os problemas passam pelas clínicas até mesmo o acesso ao direito essencial das mulheres, onde na maioria dos países o processo é feito em clínicas particulares.
A crise está demonstrando a incapacidade do sistema privado de absorver as demandas da saúde das mulheres em um momento tão complicado que é uma pandemia, como é o caso da maior rede de clínicas de aborto no mundo International Planned Parenthood Federation (IPPF), que declarou o fechamento de 5.633 clínicas em 64 países, e que 23 limitaram seus atendimentos relacionados ao aborto, alegando falta de equipamentos individuais de segurança além de produtos básicos como anticoncepcionais e outros equipamentos.
Aquilo que já seria uma derrota para os direitos das mulheres fica ainda pior com a ação de governos conservadores para dificultar o acesso das mulheres ao seu direito essencial. Nos Estados Unidos, estados que em suas legislações permitem as mulheres a prática do aborto seguro as mulheres estão encontrando dificuldades ainda maiores para realizarem o procedimento, já que governadores, estão criando barreiras para o acesso a clínicas, como colocando o aborto como serviço não essencial de saúde no meio da pandemia, além de cancelarem cirurgias eletivas,com a desculpa de que leitos precisam estar livres diante da pandemia, mas o sistema de saúde dos Estados Unidos já não suporta a demanda, afinal o país não conta com sistema de saúde público e tem uma saúde privada cara e sucateada.
As dificuldades que as mulheres estão encontrando para terem acesso a um direito tão importante não é apenas um caso isolado diante da pandemia, mas a pandemia é usada como pretexto para atacar as mulheres. O Estado burguês é conservador e reacionário, e apesar de em alguns casos conceder direitos mínimos (com muita pressão e luta femininas) o sistema cria sempre obstáculos para a emancipação das mulheres na sociedade, já que não é do interesse burguês que as mulheres, principalmente as mulheres trabalhadoras, sejam livres e possam decidir sobre sua vida e seus corpos.
A luta das mulheres é por uma sociedade que lhes permita que seus direitos sejam incontestáveis e que o Estado garanta isso. A saúde deve ser pública, gratuita e de qualidade e o aborto um direito garantido também em clínicas públicas que realizam o procedimento dando todo o suporte médico e psicológico às mulheres. Somente o Estado proletário, livre do conservadorismo e da extrema direita é capaz de dar essas condições para todas as mulheres, por isso essa deve ser uma luta não somente feminina, mas de todos os trabalhadores que desejam uma sociedade igualitária e justa.