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A vida encontra um meio...

“Estamos atendendo pelo WhatsApp”

A portas fechadas, patrões se tornam traficantes e funcionários, aviõezinhos

Vejo o mesmo cartaz improvisado colado nas portas de aço de todo tipo de loja na rua comercial por onde passo diariamente. Mas não são só os cartazes que chamam a atenção dos transeuntes. Ao pé das portas baixadas, os vendedores sussurram ao menor cruzar de olhares: “Ei, amigo. Quer entrar e dar uma olhada na loja?” O decreto do governo cientificíssimo de São Paulo fê-las fechar, mas não é páreo para as leis do mercado.

Grandes e pequenas, as que não são padarias, farmácias ou mercados, recorrem ao expediente que parece ter feito de todos os lojistas verdadeiros traficantes de drogas. É o que me veio à cabeça no dia em que tive vontade de comer um pão de queijo. Como de costume, me dirigi à bodega que fica do outro lado da rua. A porta corrediça baixada e o dono escorado à janela, fazendo do parapeito um balcão improvisado, denotavam a chegada de uma nova era para o capitalismo.

Aproximei-me e pedi o de sempre. Ele franziu a sobrancelha e me disse cochichando: “tudo bem, mas… por favor, vá para o outro lado da rua e me espere lá que eu vou levar a maquininha. Eu não posso te atender aqui”. Fui. Recebi meu embrulho e passei o cartão. A que ponto chegamos? Como já vem acontecendo em pequena escala, meio como piada, meio como protesto (como casamentos e cultos religiosos realizados dentro de ônibus), logo mais teremos farmácias que vendem cigarros, lojas de materiais de limpeza anunciando pratos feitos e padarias oferecendo sacos de cimento.

Não foi só a pequena empresa familiar que sofreu. A lei baixada pelo governo paulista perturbou o sono de muitos burgueses, e com razão. O que São João Doria da Vacina fez foi um verdadeiro ato de deslealdade com a classe que ele mesmo representa. O fechamento compulsório do comércio colocou em questão a sobrevivência financeira de muitas empresas. A maioria simplesmente será tragada pelas dívidas e a queda do faturamento. Um patrão, grande ou pequeno, poderia perguntar: “Mas, não haveria outra maneira de ‘combater’ o vírus, mesmo que de mentirinha como o governo tucano vem fazendo?“ Claro que há, e ele também já a está empregando.

Pouco a pouco – e já faz mais de um ano – o Palácio dos Bandeirantes se revela um verdadeiro templo da ciência. Já havíamos descoberto que o coronavírus era um vírus boêmio, gosta de sair à noite e faz pouco caso dos que trabalham durante o dia; prefere as baladas ao invés dos trens e ônibus lotados. Reação científica? Toque de recolher.

Agora, foi-nos revelado que o vírus também é consumista, tem predileção por lojas de departamento, botecos, lojas de sapato, roupas, brinquedos e uma infinidade de outras coisas. A maior perda, no entanto, não será dos proprietários, que forçam seus trabalhadores a manter as portas entreabertas com medo – quem diria! – do rapa. Serão os próprios funcionários dessas empresas – coisa de meio milhão de pessoas em São Paulo – os maiores prejudicados. Os patrões, essa classe de sábios administradores, farão o que sempre fazem em tempos de crise: cortar “despesas”.

O lockdown tucano é o reconhecimento de que toda política adotada até agora – incluindo o espetáculo da campanha de vacinação sem vacina – é uma farsa completa. Com o “fique em casa” e o “feche as portas”, duas ordens contraditórias são dadas à população: trabalhe sem emprego para poder ficar em casa. Mas quem não tem emprego não tem como ficar em casa. É forçado a procurar um meio para sobreviver. E para esses o governo só tem a dizer: “cuidado com o coronavírus” e “use máscara ao sair de casa”.

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