O Congresso Nacional aprovou na última terça-feira (8), o pacote de perdão bilionário às instituições religiosas com dívidas inscritas na Receita Federal. Defendido pelo presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, a bondade custará quase R$1 bilhão aos cofres públicos, segundo apuração do Estadão. O golpista tem até esta quarta-feira (11) para decidir pelo veto ou a sanção do perdão. Amplamente defendido pela direita, o caso chamou atenção pelo apoio explícito de setores da esquerda.
Um dos mais ardorosos defensores da frente ampla, o PCdoB publicou uma nota diante das críticas recebidas, por sinal muitas. Acusando os críticos de propagarem “fake news“, o partido disse ser “da essência da democracia a divergência e o debate de opiniões, mas devem ser repudiada as tentativas de confundir ou distorcer os fatos com objetivos de ganhos políticos”, diz a nota publicada na Revista Fórum, assinada pela deputada Perpétua Almeida, líder da bancada na Câmara. As acusações contra o partido tomaram conta das redes sociais após uma postagem no Twitter da deputada fluminense Jandira Feghalli, se defender dizendo ter “posição contrária” em relação à matéria porém, ter votado a favor do perdão seguindo a determinação do partido, que orientou a bancada a votar pela aprovação, a qual foi seguida por Alice Portugal (BA), Márcio Jerry (MA), Orlando Silva (SP), Perpétua Almeida (AC), Professora Marcivânia (AP), Renildo Calheiros (AL), além da própria Jandira Feghali.
No PT, um caso igualmente estranho se desenvolveu, com a determinação do partido pelo voto contrário, que foi desafiado pelos parlamentares Carlos Zarattini (SP), Padre João (MG), José Paulo (AM), Rejane Dias (PI), Zé Neto (BA) e a candidata à prefeitura do Rio, Benedita Silva. Alegando que “nunca escondeu a sua fé”, a petista defendeu-se ainda dizendo que os ataques sofridos pela votação tinham “raiz na intolerância religiosa”, o que certamente explica sua fé e proximidade com religiosos mas não a rebeldia contra o próprio partido, e pior, em uma frente com a extrema-direita.
Aprovada com o voto de 345 parlamentares, o apoio do conjunto do PCdoB e dos deputados petistas rebeldes era absolutamente dispensável para a aprovação desta verdadeira expropriação contra o povo. Contudo, os envolvidos fizeram questão de tornar público seu apoio ao projeto defendido por Bolsonaro para atender uma de suas bases mais importantes.
A medida não beneficia nem protege o exercício da liberdade religiosa, sendo portanto absolutamente irrelevante ao conjunto da população que segue uma determinada crença. Os interesses preservados de maneira objetiva são os de organizações reacionárias, de caráter fascista e que tem constituído um importante ponto de apoio do bolsonarismo e da extrema-direita em todo o País.
Ao se aliar aos inimigos mais ideologicamente alinhados ao fascismo, o que os setores mais desorientados da esquerda parlamentar fazem, quaisquer que sejam suas desculpas para tal, é colocar a esquerda à reboque desta que é uma das mais importantes bases do regime de Bolsonaro.