A manobra rasteira dos procuradores da Lava-Jato desta última sexta-feira (27), que requisitaram progressão de regime para Lula com a óbvia intenção de esvaziar a crescente mobilização popular pela Liberdade de Lula, foi o assunto que faltava para alguns setores da esquerda pequeno-burguesa reconhecidamente confusos voltarem à carga para tentarem disseminar uma nova rodada de ilusões.
Gilberto Maringoni, do PSOL, por exemplo, defende que a semiliberdade de Lula, traria “novas energias para os setores democráticos e populares”:
“O ex-presidente terá muito mais condições de articular e formular saídas para a crise brasileira e para o combate ao fascismo [com o regime semiaberto].”
O dirigente do PSOL chega a defender que Lula exiba a tornozeleira, e o faça sempre!
“Mesmo que lhe imponham o uso de tornozeleira, esta deve ser mostrada a todo momento e desmoralizada como humilhação que tentam impor não a ele, mas ao povo brasileiro”.
Tarso Genro, defensor de primeira hora da Lava Jato, também não perdeu a oportunidade.
Genro, defende que Lula aceite a grosseira armação dos procuradores como uma verdadeira “vitória política da esquerda”, afinal, Lula “semi-livre” chegaria mais perto de “Lula Livre”:
“Porque: 1, fazem dentro da Lei; 2, é vitória política tirá-lo da custódia policial; 3, porque já temem que o STF resgate-se como Guardião da Constituição; 4, porque Lula ‘semi-livre’ é mais perto de ‘Lula livre”.
Defender que Lula aceite a semi derrota do semiaberto, justamente no momento em que a Lava Jato está caindo na lona, próxima de receber um verdadeiro nocaute do povo brasileiro, é sair de jogo na hora justa da vitória. É perder a luta para quem não tem mais condições de ganhar e, ainda pior, é entregar Lula para os carniceiros da direita enterrá-lo em uma tonelada de chacotas, humilhações e total desmoralização política.
Mas não só: é jogar oceano de água gelada na militância de todo o país que saiu às ruas, foi à Curitiba, resiste lá há mais de 500 dias e grita Lula Livre em qualquer lugar, a qualquer tempo.
A militância que realmente defende Lula não está lutando para agora ter que aceitar a derrota humilhante e desmobilizadora de ver seu líder de tornozeleiras, voltando toda a noite de cabeça baixa para a masmorra. Lutamos para colocar um ponto final nesta perseguição política, para fazer justiça a tudo o que Lula representa para nosso povo, e para acabar com o golpe que só vai conseguir se estabilizar se acabar com Lula. E golpe estável, não nos enganemos, significa fascismo aberto, ditadura.
O povo lutou para anular a farsa dos processos da Lava Jato, restituindo toda a liberdade de Lula, trazendo-o às ruas de cabeça erguida, com plenas condições jurídicas, morais e políticas de exigir a anulação não só de seus processos, mas principalmente do golpe eleitoral de 2018, que colocou fascistas como Bolsonaro e Witzel no poder, e exigir novas eleições já, para acabar de vez com toda esta onda golpista iniciada em 2016.
E justamente no momento em que o adversário está pedindo clemência, com uma Lava Jato que hoje só falta enterrar, quando até as paredes do STF têm plena consciência de que todos os processos de Lula e dos demais perseguidos por esta operação golpista são total e completamente nulos, e já está escancarado para todo o povo brasileiro que os sofrimentos de que a população é vítima hoje são todos fruto deste mesmo golpe, exatamente neste momento em que a primeira grande vitória do povo após 2016 pode estar a um passo de acontecer não há lugar para nenhum argumento do tipo “deixa disso”, pedindo que aceitemos o inaceitável: a derrota de ver o Lula engaiolado pela armação mal feita e claramente desesperada dos senhores da Lava Jato.
Ainda mais quando o objetivo da Lava Jato com este semiaberto tão golpista como tudo o mais que foi feito nesta operação está tão evidente: tentar esfriar os ânimos da população e da militância, que agora estão a todo vapor na luta pela Liberdade de Lula que alimenta como gasolina o Fora Bolsonaro
O ato de Curitiba, no último dia 14 de setembro, demonstrou claramente que a mobilização popular pela Liberdade de Lula, com todo o impulso trazido pelas revelações do Intercept, está crescendo exponencialmente, e tende a sair totalmente do controle dos golpistas, a ponto de levar todo o regime golpista a uma crise final insustentável.
Já está claro que um próximo ato em Curitiba, no aniversário de Lula, dia 27 de outubro, deverá ser imensamente maior do que o de setembro, concretizando a tendência à Liberdade de Lula ganhar definitivamente as massas, não mais apenas como uma indignação difusa, mas como luta efetiva, nas ruas de todo o país, para pôr fim à perseguição, ao golpe, e consequentemente, ao próprio governo golpista de Bolsonaro.
Muitos já comparam acertadamente a relação de forças entre Lula e Bolsonaro como uma verdadeira gangorra: quanto mais Lula sobe, mais Bolsonaro desce. Quanto mais Lula chegar perto de sua liberdade plena, mais o governo dos golpistas, bolsonaristas, fascistas e militaristas, tende a chegar ao seu tão desejado fim.
Por isso, exatamente ao contrário do que Maringoni do PSOL e Genro – clássico representante da direita petista – defendem, se Lula aceitasse a vergonha do semiaberto, isto representaria uma das mais aberrantes derrotas do povo brasileiro, em geral, e de Lula em particular. Seria colocar toda a mobilização popular em uma enorme confusão e trazer uma nova esperança para a Lava Jato, legitimada justamente por seu principal opositor, Lula.
Seria o mesmo de Lula assinar embaixo as ações desta operação golpista, desmoralizando a tal ponto sua própria luta pela liberdade, a ponto de não poder reclamar quando, por força de outras condenações farsescas, a pena total aumentar novamente, acabando com o enganoso direito a esta ilusória progressão de regime.
Não existe Lula “semi livre”, como não existe meia vitória com golpistas.
Ou o povo brasileiro e Lula conquistam a vitória definitiva contra a Lava Jato, anulando todos os processos de Lula, trazendo plena e total liberdade para o ex-presidente, ou a vitória será inteira, plena, completa e acabada dos golpistas.
No que se refere à Liberdade de Lula, não tem acordo. Não há meio termo. A única coisa que interessa é Lula Livre, com a anulação de todos os processos, com a restauração completa da liberdade do ex-presidente, para que ele, juntamente com todo o povo em luta que houver conquistado esta vitória, possam exigir a anulação das falsas eleições de 2018 e novas eleições já, com Lula candidato.