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Contra a frente com golpistas

Esquerda do PT questiona política do “mal menor” na Câmara

Setores da esquerda do PT se posicionaram publicamente contra o apoio de deputados da legenda em candidatos da direita, sob a justificativa de enfrentar um suposto "mal menor"

A chamada política do “mal menor” foi empregada amplamente pela esquerda durante as eleições municipais. A ideia era votar em algum candidato impopular, geralmente da direita tradicional, contra algum outro que estava sendo usado como “espantalho”, geralmente um que fosse apoiado por Bolsonaro. A justificativa era de que tudo era válido para derrotar os candidatos de Bolsonaro nas eleições municipais. O exemplo mais gritante dessa política foi no Rio de Janeiro, em que uma parte da esquerda apoiou Eduardo Paes (candidato do DEM, partido da ditadura), para derrotar o bispo Marcelo Crivella (Republicanos).

Essa política tem muita serventia para a frente ampla, defendida pela burguesia e pelos setores mais oportunistas da esquerda. O que ela faz, na prática, é colocar parte da esquerda a reboque de algum candidato da direita, sobre a base de algum acordo esdrúxulo no qual o povo não tem participação nenhuma. Finalmente, o candidato direitista recebe os votos da esquerda sem dar nada em troca para a população que votou nele sem querer votar, enganada pelo candidato da esquerda em quem costumava confiar. O resultado disso é uma série de vitórias eleitorais para partidos como DEM, PP, MDB ou PSDB, todos profundamente comprometidos com a consolidação do golpe e com o esmagamento da população.

A esquerda se mostrou disposta a se usar desse mesmo princípio político nas eleições para o presidente da câmara, estando disposta, por um lado, a apoiar o candidato do “centrão” contra o candidato bolsonarista e até tem um setor disposto a apoiar o próprio candidato de Bolsonaro, Arthur Lira. No entanto, os setores mais esquerdistas do PT parecem ter se dado conta do sentido dessa manobra e do quão prejudicial ela acaba sendo no final das contas e estão se manifestando contra. Uma das pessoas que veio a público se posicionar contra esse apoio à direita no congresso é o jornalista Milton Alves, em coluna sua publicada no sítio do Brasil 247, com o título Eleição na Câmara: Momento político exige nitidez e autonomia da esquerda.

Em sua matéria, Alves faz uma crítica à esquerda de conjunto, classificando-a como “sem rumo tático imediato, dividida, e sem iniciativa política e ideológica no parlamento e na base da sociedade”. Ele critica o que chama de “postura rebaixada” da esquerda de se aliar com a direita neoliberal em nome de combater um suposto “mal menor”. Ele ainda comenta que muitos setores da esquerda estão dispostos a abrir mão de seu programa em prol dessa aliança com a direita.

Ele relembra o caso da FUNDEB para mostrar por que não se deve fazer tais acordos sem sentido em momento algum. Neste caso, aprovou-se o projeto que em tese financiaria a educação básica no país, mas que, no momento em que sua regulamentação, a direita manobrou e o regulamentou da maneira que ela sempre planejou, com cortes no orçamento e mais dinheiro para os “tubarões” das escolas privadas. No fim das contas, cerca de R$ 16 bilhões que iriam ser utilizados para educação pública poderão ser destinados para salvar os cofres dos tubarões do ensino pago. Tudo isso feito sem que a esquerda pudesse reagir, por ter sido pega de surpresa no momento da regulamentação da lei.

O colunista segue fazendo a denúncia de que há, dentro do PT, três políticas em disputa: a primeira, que seria a mais correta para um partido de esquerda dentro de um congresso nessa situação, seria a de lançar candidatura própria, mesmo sem a perspectiva de vitória. A segunda, é a de continuar com a política de frente ampla com a direita golpista das eleições e apoiar o candidato que for lançado por Rodrigo Maia (ainda não definido), que se colocaria como oposição a Bolsonaro dentro da direita. E, surpreendentemente, existe até um setor do PT disposto a apoiar o candidato bolsonarista, Arthur Lira. Ou seja, a esquerda está totalmente desorientada dentro do Congresso.

O colunista defende que o correto seria lançar uma candidatura própria da esquerda, e uma “plataforma em defesa do povo contra a política de fome, miséria e morte do governo Bolsonaro”, e, além disso, “fazer a disputa política ao mesmo tempo contra o bolsonarismo e a velha direita neoliberal”. Finalmente, ele também coloca que deve-se “abandonar qualquer veleidade de cretinismo parlamentar de priorizar cargos e posições”, procurando trazer novamente a luta da esquerda para as ruas.

A posição de Milton Alves é correta e é um importante indicativo de que um setor do PT tem consciência do fracasso que foi a política de frente ampla nas eleições, levada adiante pela ala direita do partido e pelos outros partidos da esquerda pequeno-burguesa mais oportunistas, como PSOL e PC do B. Além disso, a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) também se colocou contra o apoio à direita, utilizando a sua conta no Twitter para expor a sua posição:

A deputada também cita o caso da Fundeb para relembrar o que acontece com quem é ingênuo o suficiente para apoiar os setores mais parasitários e vampirescos da política nacional. A esquerda não deve apoiar nenhum dos dois setores da direita na câmara, visto que ambos são golpistas e têm uma política contra o povo. A subida de Bolsonaro ao poder só foi possível porque os dois grupos se juntaram para elegê-lo. Agora, uma parte deles pode até estar procurando criticá-lo por demagogia, mas é evidente que eles defendem uma política tão prejudicial para o povo quanto a dele, senão pior. A política do “mal menor” consiste em uma verdadeira desmoralização para essa esquerda e se trata, realmente, de uma gigantesca capitulação diante do bolsonarismo.

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