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Esquerda a serviço da direita: depois de incentivar fuga de Jean Wyllys, Mujica apoia golpe contra Maduro

A Venezuela é objeto de desejo e efetiva exploração dos norte-americanos pelo menos desde 1883, quando o governo do país outorgou a Horácio Hamilton, a concessão para explorar o lago de asfalto Guanoco, então o maior depósito natural daquela substância. O cidadão norte-americano cedeu seu contrato para a empresa The New York and Bermudez Company, um trust do asfalto com sede na Filadélfia. A empresa explorou o asfalto e o exportou sem jamais cumprir com as contrapartes exigidas.

Mais tarde, diante dos conflitos com o general Cipriano Castro, que tomou o poder em 1899, a empresa decide apoiar financeiramente o movimento armado para derrubar o governo. Assim, em 1902, teve lugar uma revolução armada, batizada de ‘libertadora’, totalmente financiada pelos norte-americanos. Após a derrota da ‘revolução’, a própria admitiu sua participação, mas o novo governo apenas exigiu uma indenização, o que foi recusado pela empresa. A seguir, a pressão aumentou, com navios dos EUA, Alemanha e Inglaterra adentrando em águas venezuelanas e bombardeando portos do país, motivo pelo qual foram presos cidadãos ingleses e alemães radicados no país.

A empesa New York and Bermudez Company foi acionada judicialmente, mas estava claro que o governo de Cipriano Castro buscava repor recursos que havia saqueado do erário público. Washington aproveita o momento para preparar o terreno e atacar Caracas: “O governo dos Estados Unidos pode, com muita propriedade, tomar as medidas necessárias para oferecer à companhia americana toda proteção que precise” (John Hay, Secretário de Estado)

Assim, preparam-se para colocar em ação o Plano Parker: desembarque dos infantes da marinha, captura de Cipriano Castro, ocupação dos portos, estabelecimento de um governo provisório made in U.S.A. Não foi preciso, mais tarde o presidente foi traído, enquanto ausentou-se do país para cuidar da saúde, e o novo governante, Juan Vicent Gómez, fez uma composição com os norte-americanos. Castro nunca mais pode voltar ao seu país, porque lhe impediam navios norte-americanos.

É em 1909, o governo entreguista de Vicent Gómez faz a primeira concessão para exploração e exportação de petróleo no país à The Venezuela Development Company Ltda. O contrato era generoso para a companhia e abrangia um território enorme, permeando 13 (treze) estados. Isso se deu após visita de Frank Knox que, ao regressar a Washington, estava exultante e empolgado com as possibilidades de exploração do país, principalmente porque seu governante mostrou-se absolutamente submisso à “diplomacia do dólar”.

Não à toa, em 1930, o ministro de Fomento da Venezuela escrevia: “As leis  venezuelanas sobre o petróleo são as melhores do mundo para as companhias”. Em 1931, a Venezuela já era uma país de primeira categoria na exploração de petróleo, com projeção de 120 milhões de barris para aquele ano.

O país receberá muitas empresas para explorar seu petróleo, mas permanecerá pobre, e os norte-americanos nunca mais permitirão de bom grado um governo que ameace seus interesses comerciais, nem permitirá que o povo se organize, sem repressão, contra a cada vez mais clara exploração abutre que o país sofre, sem retorno para o povo e para o desenvolvimento.

O ódio a Hugo Chavez e todos os recursos utilizados para afastá-lo do poder e agora a Nicolás Maduro são apenas uma nova roupagem para uma velha política. É o imperialismo norte-americano que não admite que a Venezuela explore suas riquezas e cresça. Os norte-americanos vem financiando políticos e fornecendo material bélico e suporte estratégico desde o final do século XIX, tudo para manter seu domínio sobre os governos venezuelanos. Hoje não é diferente. O fato de Hugo Chavez ter conseguido permanecer no poder e fazer seu sucessor é motivo de desespero para os EUA e para sua investida cada vez mais dura para derrubar o governo de Maduro.

Assim, quando ouvimos Pepe Mujica bajular o imperialismo, afirmando que a saída para a Venezuela são eleições gerais, estamos diante da mais absoluta capitulação da esquerda, ou de uma certa esquerda no Continente. Lembrando que no Brasil também temos personagens de ‘esquerda’ que fazem coro ao Império satanizando Nicolás Maduro e apoiando a queda do governo democraticamente eleito.

Mujica sempre foi o mais moderado dos presidentes de esquerda da América Latina, com claros sinais de simpatia ao imperialismo. O Império, por sua vez, tem simpatias pelo ‘Pepe’, uma vez que sua política nunca foi efetivamente contra os interesses da burguesia, ou do imperialismo mesmo. Esse tipo de “esquerda” é tolerável, pois serve à direita, como contraparte à esquerda mais decidida e operária da região, que é o caso de Nicolás Maduro na Venezuela, que enfrenta o imperialismo.

Talvez por isso mesmo Mujica incentivou o deputado psolista Jean Wyllys a fugir do Brasil, posição covarde e que leva à desmoralização da esquerda e consequentemente ao fortalecimento da direita. Isso ajuda a desorganizar o movimento de luta contra o golpe e o fascismo.

Mas, não bastasse isso, agora faz eco, melhor, uma frente única com o imperialismo e pede novas eleições na Venezuela, ou seja, considera Maduro um presidente ilegítimo. Esse não é o comportamento de um militante de esquerda, que deveria apoiar o presidente Maduro e o povo venezuelano em sua luta contra o imperialismo. Na prática, e ele já afirmou isso em outras ocasiões, considera a Venezuela um mal exemplo, motivo pelo qual deseja sim a queda de Maduro e do chavismo. Torna-se um porta-voz do imperialismo, para impor um regime fascista e neoliberal à Venezuela, e ao país, destruir toda a esquerda venezuelana e latino-americana.

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