Nos continentes europeu e asiático (China, Japão, Coréia) quase todos, senão todos os grandes times, as grandes equipes e algumas de porte médio também, estão sob o controle das grandes corporações, dos investidores capitalistas, que buscam na exploração do esporte mais popular do mundo uma forma de recomposição dos seus lucros, em queda livre no mundo inteiro.
Na Inglaterra, onde é disputada a Premier League, a primeira divisão inglesa, uma das mais disputadas e milionárias de toda a Europa – senão a mais milionária – todas as grandes equipes estão sob o controle de “grupos de investidores”, que despejam oceanos de dinheiro nas transações envolvendo jogadores, compra de times, direitos de imagem, direitos de transmissão, patrocínios, merchandising e um sem número de outras fontes de receitas.
Uma das equipes que recebeu gigantescos aportes de recursos foi o Manchester City, da cidade do mesmo nome, onde também é a sede de uma das mais tradicionais e vitoriosas equipes do país, o milionário Manchester United. O rival do United, o City, conhecido por Citizens, pertence a um investidor do mundo árabe, e tem no time uma verdadeira constelação de craques, entre eles, quatro brasileiros (Gabriel Jesus, Ederson, Danilo e Fernandinho), que tiveram participação decisiva na conquista do título inglês pelo Manchester City na atual temporada.
A UEFA – entidade que rege o futebol europeu – leva adiante, há dois anos, investigações sobre uma suposta violação do fair play financeiro da entidade pelo campeão inglês, denúncia que, à época, foi objeto de reportagem publicada pela revista alemã Der Spiegel. Os Citizens são acusados de “informes falsos em seus balanços financeiros, além de revelar o valor incorreto do tanto que recebe de patrocínio, tudo para driblar as regras de fair play da UEFA” (ESPN, 14/05).
Se for punido pelas supostas irregularidades, o milionário time da cidade de Manchester pode ficar de fora da Champions League, um título perseguido pelo time há algumas temporadas e que garante milhões de euros não só ao campeão, mas a todos os participantes deste que é o principal torneio de clubes campeões da Europa.
O que se pode concluir, no entanto, antes de qualquer decisão sobre punição às supostas irregularidades envolvendo o campeão inglês, é que o controle quase total que os grandes capitalistas e as grandes corporações exercem – já há algum tempo – no mundo dos esportes, trouxe para o futebol as mesmas trapaças, as mesmas tramóias, os mesmos métodos, as mesmas fraudes, os mesmos escândalos; enfim, toda a mais desenfreada corrupção, que é a forma de funcionamento normal que o grande capital assume nesta etapa de crise e decadência do capitalismo em todo o planeta.