Nessa semana, Rick Santelli, editor do telejornal norte-americano CNBC Business News, transmitido pelo canal de televisão CNBC, deu uma declaração que chamou bastante atenção em todo o mundo. Em um determinado momento do programa, Santelli disparou:
Não estou dizendo que o coronavírus é a mesma coisa que a gripe comum — no entanto, talvez, seria melhor se nós infectássemos todo mundo com a doença. Então, em um mês, a doença estaria superada. O índice de mortalidade provavelmente seria o mesmo do que se a doença for combatida a longo prazo, mas a diferença é que não causaríamos tantos estragos na economia doméstica e na economia mundial.
Rapidamente, a especulação de Santelli provocou diversas reações, sobretudo de setores considerados como parte do campo progressista da política norte-americana. Jet Hee, editor da revista The National, afirmou que a proposta de Santelli deveria levar a mais de 30 milhões de óbitos no mundo, e mais de 1 milhão de mortes nos Estados Unidos. Robert Fortuna, psicólogo clínico e ativista, foi mais além: segundo suas projeções, a iniciativa poderia levar a 11 milhões de americanos mortos.
Por mais que a declaração pareça absurda, aloprada ou qualquer coisa do gênero, é preciso levar em consideração o que Santelli falou. O editor do programa norte-americano é um especulador financeiro e pensa como todo capitalista pensa. E o que todo capitalista pensa é: não há limites, não há freio moral, não há escrúpulos para salvar seus negócios.
Há menos de um século, a burguesia italiana decidiu apoiar um aloprado, uma figura tão extravagante como Santelli. Daí surgiu uma das ditaduras mais sanguinárias da história e que serviu de modelo para todas as que vieram a seguir. Também no mesmo período, a burguesia alemã decidiu apoiar outro aloprado: Adolf Hitler, que assassinou milhões de pessoas em uma tentativa de restabelecer o poderio do imperialismo alemão.