Grupos foram às ruas de Burgos, Barcelona, Madri, Logroño, Málaga, Bilbao e Santander, na Espanha para protestar contra o novo isolamento social imposto pelo governo. Cerca de 60 pessoas foram presas e 30 agentes do aparato de repressão ficaram feridos.
O governo espanhol impôs uma série de regras, como toque de recolher e fechamento de atividades comerciais. Isto desagradou a população, especialmente os trabalhadores de alguns setores, como bares, restaurantes e salão de beleza, que ficarão, assim como ocorreu na “primeira onda”, com pouca ou nenhuma assistência.
A extrema-direita espanhola se aproveita da situação para ganhar apoio da população insatisfeita com as medidas do governo espanhol. O partido Vox faz um verdadeiro malabarismo, ao defender os protestos e, ao mesmo tempo, jogar a culpa do “vandalismo” na esquerda e nos imigrantes.
A insatisfação da população, junto a inaptidão dos governos capitalistas em lidarem com a crise, cria uma situação de fragilidade do regime burguês. Este ambiente de instabilidade e polarização tende a gerar ondas de violência ainda maiores.
A esquerda deve observar os protestos com atenção. A imprensa burguesa tenta ligar as manifestações à extrema-direita, entretanto, é necessário lembrar que os protestos surgem da inaptidão do governo burguês em garantir condições de vida à população para que esta faça o isolamento social. O fechamento de fronteiras e toques de recolher aparecem como uma maneira desesperada do regime de conter a doença.
Por outro lado, como já dito, a extrema-direita tira proveito da situação ao tentar capitalizar em cima da revolta popular. Mais uma vez, os fascistas tomam a dianteira com um discurso demagógico. Enquanto isso, a esquerda, ao invés de se posicionar ao lado da população e exigir do governo as condições necessárias para o enfrentamento da crise sanitária, toma partido do governo, contra a população. Fica fácil concluir que o erro de cálculo político tende a fortalecer os fascistas.
Mesmo que a “segunda onda” passe, é um tanto óbvio que haverão outras “ondas” enquanto não houver a vacina. Logo a doença esteja minimamente controlada, a burguesia pressionará os governos pela reabertura das atividades comerciais, levando a uma “terceira onda”. Mais uma vez, o governo adotará medidas repressivas contra a população, aumentando o tensionamento e desgastando, ainda mais, o regime democrático.
Mantida esta tendência de “ondas” da doença e tensionamento da sociedade, além da omissão da esquerda mundial, cria-se um terreno muito fértil para ascenção dos fascistas, que, sem oposição, avançam contra o regime burguês.