Pouco mais de um mês após a patética tentativa da imprensa golpista em mostrar um amplo e crescente apoio da população ao governo por meio de uma pesquisa fajuta encomendada pelos golpistas da Confederação Nacional dos Transportes, o Carnaval esclarece definitivamente o quão grotesca era a manipulação propagandística, que contou com ajuda de todos os órgãos da imprensa capitalista, incluindo aquelas que fingem ser críticos de Bolsonaro, caso de O Globo e Folha de São Paulo.
Se o Carnaval de 2019 foi marcado pelo “ei Bolsonaro, vá tomar no c*”, o de 2020 está indo direto ao ponto: é fora Bolsonaro! Críticas ao regime fascista são praticamente unanimidade nas festas de rua do país inteiro e também em um dos mais tradicionais eventos do Carnaval brasileiro: o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Entre o Grupo Especial da Cidade Maravilhosa, quase todos atacaram o governo.
Abrindo os desfiles do Grupo Especial, a Acadêmicos de Vigário Geral trouxe um boneco gigante, o palhaço Bozo, com uma faixa presidencial e fazendo o tradicional gesto da arminha. Na São Clemente, o ataque se deu através da satírica, com o humorista e comediante Marcelo Adnet imitando Bolsonaro, com seus trejeitos de machão pantomímico enquanto atirava laranjas para a multidão nas arquibancadas.
Os desmatamentos promovidos pela inércia interessada do governo foram alvos de críticas da Unidos da Tijuca, que lembrou também a poluição na costa brasileira com as manchas de óleo simplesmente assistidas pelo regime. Homenageando Elza Soares, a Mocidade Independente de Padre Miguel trouxe em seu desfile bandeiras de grupos sobre severo ataque por parte do regime, notadamente mulheres e lgbts, e também lembrou direitos democráticos da população atacados por Bolsonaro, saúde, cultura e educação.
O desfile da União da Ilha denunciou as consequências da guerra econômica levada a cabo por Bolsonaro para atender aos interesses de seus verdadeiros patrões, que são os governos das nações imperialistas. Tratando da luta pela sobrevivência nas regiões periféricas da Cidade Maravilhosa (que são também um padrão em quase todas as cidades brasileiras), as péssimas condições dos sistemas de transporte público, o desemprego crônico que atinge uma expressiva camada da força de trabalho e a explosão da miséria foram levados à Avenida pela escola.
Campeã do ano de 2019 com uma homenagem a vereadora do Psol assassinada por setores do crime organizado com o qual o envolvimento da família Bolsonaro é notório, a Mangueira também homenageou segmentos da sociedade atacados pelo fascismo e, ainda que por uma perspectiva pacifista, atacou Bolsonaro cantando “não há Messias de armas na mão”.
Escondida pela TV Globo que detém monopólio da transmissão do desfile das Escolas, a primeira Escola a desfilar no segundo dias dos desfiles, a São Clemente, trouxe o enredo o “Conto do Vigário” e no seu principal carro alegórico vinha o ator Marcelo Adnei, encenando o presidente ilegítimo como o maior dos vigaristas da atualidade, depois de uma bateria vestida dos “laranjas” do PSL que serviu de abrigo para o presidente golpista e seus mais próximos aliados.
Conforme antecipado por este órgão de imprensa, o caráter mobilizador do Carnaval iria revelar a completa farsa por trás do argumento falacioso de que o regime ainda tem uma base popular. O Carnaval de fato revelou que Bolsonaro está por um fio, o que não o torna menos propenso a ceder sem luta. A esquerda e os setores mais vanguardistas das lutas populares precisam aproveitar o momento propício para liquidar de vez esse governo, inimigo do povo. Passada a festa, é preciso ainda que os comitês de luta pelo fora Bolsonaro intensifiquem os trabalhos para agitar a população no sentido de por um fim ao regime do golpe e provocar uma grande reviravolta na situação política do Brasil. Toda força no trabalho dos comitês. Fora Bolsonaro!
