No início de 2020 foi criado o auxílio emergencial. No valor de míseros 600 reais, insuficientes para a sobrevivência da população, os golpistas tentaram conter as tendências de explosão social, dado a gigantesca crise de saúde e a crise econômica do capitalismo. Após alguns meses em que o auxílio, absurdamente, caiu para 300 reais, essa política se mostrou totalmente incapaz de conter os males da crise. No fim de 2020 a fome já assolava 100 milhões de brasileiros e a situação continuava a piorar. Agora um novo auxílio está sendo debatido com um valor de apenas 250 reais, um escárnio total contra a população, que ainda sofre com os preços dos produtos básicos aumentados todos os dias.
Apesar das propagandas da esquerda querendo assumir a “vitória” do auxílio emergencial, agora já está claro que ele foi uma política da burguesia para acalmar um pouco a população num momento de grande crise. Contudo na atual conjuntura de decadência total do capitalismo o imperialismo não permite que seus lacaios, como é o Brasil sob o regime golpista, gastem qualquer valor com a população. Todo o dinheiro possível deve ser revertido para garantir os lucros dos empresários. Assim, investiu-se mais de um trilhão de reais para salvar os bancos e o auxílio diminuiu pela metade e acabou muito antes de qualquer resolução da crise da economia ou da pandemia.
Agora volta à disputa entre os setores da burguesia a questão do auxílio. A conjuntura social só piora e com a volta dos lockdowns há uma nova tendência de mobilização dos diretamente afetados, que nos tempos após a destruição da CLT são dezenas de milhões de trabalhadores informais.
Contudo há um consenso para a burguesia. O valor cedido aos trabalhadores deve ser menor que o de uma esmola. Discute-se pagar entre 150 e 375 reais por 4 meses. Além disso, está em discussão que a PEC do teto de gastos seria afetada diretamente por essa medida que supostamente faria o Bolsa Família ultrapassar em 35 milhões o teto da lei golpista. Ou seja, o novo auxílio da burguesia é tão ínfimo que querem até cortar parte da Bolsa Família!
Aqui vale ressaltar a situação de calamidade em que está a classe operária brasileira, e o quão ínfimo é um auxílio de 250 ou até mesmo de 600 reais. Ao longo do ano de 2020 o preço da cesta básica aumentou em todas as capitais. Na cidade mais cara, São Paulo, o valor está em 630 reais. Já na capital mais barata, Aracaju, está em torno de 450 reais.
Vale lembrar que a cesta básica é o valor mínimo necessário para um adulto se alimentar durante um mês, ou seja, para famílias brasileiras em média esse valor deve ser multiplicado por pelo menos 4 vezes. Logo, enquanto a população de São Paulo, que precisa de pelo menos 2500 reais por mês por família, ela irá receber 250 reais, 10 vezes menos que o mínimo!
Analisando os números se vê a situação de miséria absoluta em que vive a classe trabalhadora brasileira, um salário de 2500 reais no atual regime golpista se torna cada vez mais um enorme privilégio, e isso seria o mínimo para a alimentação de uma família, sem contar com todos os outros diversos gastos, com destaque para os alugueis, que também são caríssimos. Com base nesses dados o PCO defende que o salário mínimo nacional deveria ser de 5500 reais, mais de 5 vezes o valor da miséria atual!
Outra análise importante é a do rápido aumento dos preços nos últimos meses, que revela que a situação só tende a piorar. Em 2020 o aumento do preço da cesta básica nas capitais foi de no mínimo 17% em Curitiba, até 33% em Salvador. É importante destacar que no início do ano passado quase 40% da população já estava em situação de insegurança alimentar. Essa porcentagem aumentou absurdamente durante o ano e agora em 2021, com uma retração de 4,1% no PIB nacional, é até difícil de prever o estado de destruição que estará o país caso nenhuma medida real seja tomada.
Aqui vale destacar outro aspecto importante do micro auxílio. A disputa eleitoral de 2022 já está ocorrendo a todo vapor entre Bolsonaro e o candidato da frente ampla, principalmente o governador golpista João Doria. O auxílio é uma campanha eleitoral extremamente barata, que basicamente desaparece frente aos ataques diários contra a população de São Paulo desferidos pelo governador.
Houve também a polêmica com setores da esquerda, que estava contra o auxílio de Bolsonaro mas a favor do auxílio dos governadores e prefeitos golpistas “democráticos”. Mostrando que esta política é mais uma propaganda da frente ampla que deixa a esquerda a reboque daqueles que deram o golpe.
A esquerda deve ter uma política independente da burguesia, não deve apoiar nem Bolsonaro nem Doria, mas sim apresentar um programa de lutas nas ruas para combater a Covid-19, o desemprego e a fome. É preciso sair às ruas em defesa de um auxílio emergencial real de no mínimo 1 salário mínimo, não o mínimo de 1.100 atuais, mas sim o mínimo vital de 5.500 reais!
Além disso, é preciso sair às ruas em defesa da compra e distribuição das vacinas em massa para que a população possa se imunizar antes que mais centenas de milhares morram por ingerência do governo golpista. É preciso unificar todas as outras lutas parciais dos setores explorados da sociedade na luta pela derrubada de todo o regime golpista!