No estado do Espírito Santo, estudantes, professores e trabalhadores da educação no campo se manifestam contra a volta às aulas ainda no ano de 2020, acusando a necessidade da vacina para garantir a segurança dos jovens.
Além disso, a comunidade escolar defende a anulação do ano letivo, visto que estudantes nunca conseguiram uma adaptação digna de ensino-aprendizagem com o método de ensino à distância (EAD). O diálogo com a escola foi duramente atingido pela falta de condições para tal, sendo os principais motivos a carência de internet aumentada pela distância das áreas rurais; tecnologia em computadores, tablets, e até mesmo de celulares; disponibilidade para o estudo já que, com a pandemia e a fraude do auxílio, as famílias tiveram que contar com o trabalho de seus filhos para sustentar a casa, distanciando-os ainda mais dos estudos.
O Diário da Causa Operária vem denunciando durante a pandemia que as condições da educação em todo o País passam pelos mesmos problemas que os do ES, e que isso nunca foi surpresa para ninguém, basta consultar as famílias que dependem da educação pública para entender a situação. Assim como no campo, as escolas públicas dos grandes centros vem sendo severamente distanciadas da escola por falta de condições para manutenção do EAD.
Atitude responsável a se tomar para resolver o problema é anular o ano letivo, com volta às aulas apenas em 2021, com os estudantes vacinados, posicionamento que defende a Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) do PCO, como expressão da necessidade dos filhos dos trabalhadores pobres.
Pois bem, as reivindicações foram resultado de uma pesquisa realizada pelo Comitê Estadual de Educação do Campo do Espírito Santo (Comeces), com 2,7 mil indivíduos. Feita em julho, incluiu todos os grupos da comunidade escolar como familiares, professores, gestores e agricultores e lideranças comunitárias da região, alcançando 66 municípios de 78. Este é o reflexo da necessidade geral dos filhos dos trabalhadores.
“Existe uma concordância, das pessoas que participaram da pesquisa, com a realização das APNPs [Atividades Pedagógicas Não Presenciais], mas num sentido de manutenção dos estudantes em casa e de um vínculo com a vida escolar, com os professores, com os estudos, entretanto, um reconhecimento de um baixo aproveitamento no campo do aprendizado, com muitas falas dos respondentes voltadas para anulação do ano letivo, de estudar tudo novamente, de recuperar o aprendizado não alcançado”
Este é um relato do professor Alex Nepel Marins, – da Escola Família Agrícola (EFA) de Vinhático, em Montanha, extremo norte do Estado, e representante da Regional das Associações dos Centros Familiares de Formação em Alternância do Espirito Santo (Raceffaes) no Comeces -, deixa claro que os familiares e trabalhadores rurais não estão satisfeitos com o serviço de EAD prestado no período, reconhecendo-o apenas como paliativo para não estacionar as atividades pedagógicas. Porém, deixam claro que há a necessidade de repassar o ano letivo em 2021 para alcançar a aprendizagem necessária, uma atitude responsável.
É preciso denunciar que voltar às aulas ainda em 2020, sem vacinação da população e dos jovens e crianças, ainda considerando este um ano letivo normal, é certamente mais um ataque do governo Bolsonaro à educação pública.
À exemplo da AJR em Brasília, é preciso reunir os trabalhadores da educação na luta contra os ataques do governo Bolsonaro ao setor, e ir às ruas pela anulação do ano letivo de 2020, suspendendo, assim, o EAD como validação deste e defender a volta às aulas apenas em 2021, com todos os jovens e crianças devidamente vacinados. Apesar disso tudo, é urgente ainda a defesa do aumento do auxílio para toda a população pobre e desempregada do País.