Mais um sinal claro de debilidade e caos no governo Bolsonaro. Com a abertura do SISU, (Sistema de Seleção Unificado) milhares de estudantes relataram problemas na correção de suas provas. Segundo o Ministério da Educação, seriam seis mil provas erroneamente corrigidas, no entanto essas reclamações passariam das centenas de milhares, segundo outras fontes.
O presidente do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) anunciou às 22:33h de domingo (19) que só seriam analisadas provas entregues até às 10:00h da segunda (20), contrariando sua promessa feita no sábado (18) de que não haveria limite de horário para as provas enviadas até segunda. O período de análise é extremamente curto e foi minimamente divulgado, a quantidade de pessoas prejudicadas provavelmente é muito maior do que é admitido pelo Ministro da Educação Weintraub.
O ataque às instituições públicas é desde o início o objetivo dos golpistas que se aparelharam a partir do governo Bolsonaro. Qualquer que seja a desculpa, quase sempre pintada como uma falha técnica isolada, é inegável que o mau funcionamento dos serviços é de serventia aos setores interessados em privatizar toda a educação. Acontecimentos do mesmo tipo são observados nas sabotagens constantes ao SUS ou na CEDAE, no caso do Estado do Rio de Janeiro.
Tais intenções são implícitas. Setores da esquerda, como a UNE, atualmente presidida por Iago Montalvão, mantém uma política capituladora, demandando a demissão de Weintraub, atual Ministro da Educação. Como cortar a cabeça de uma hidra, a “estratégia” de Iago é somente uma forma de tentar minimamente “mostrar serviço” para manter as aparências da UNE como oposição. Weintraub foi precedido por outro ministro fascista, Ricardo Vélez Rodríguez, o colombiano que chamou os brasileiros de “canibais” e “ladrões”, que naturalmente endossava o plano de privatização das instituições de ensino e a perseguição ideológica encabeçada pelo programa Escola sem Partido. Assim, fica evidente mais do que a ineficácia da proposta de Montalvão, mas também as intenções de não combater de fato o governo Bolsonaro, mas simplesmente de engessar a UNE numa figura inócua.
Os estudantes devem realizar mobilizações no sentido de derrubar o governo golpista, não de cobrar “postura” ou “correções”, como sugeriu a convocação da UNE para o ato da última segunda-feira (27), que visava pressionar para que houvesse uma auditoria do ENEM. Aderir a política pequeno burguesa e conservadora de setores como PSOL, PCdoB e da UNE é abaixar a cabeça e se oferecer aos açoites dos fascistas. O limite desse masoquismo será talvez o colapso das condições de vida para o povo brasileiro.