O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse ontem que se Israel continuar fazendo o que quiser no Oriente Médio, o mundo se tornará um caos, e que Ancara não permitirá que Israel tome Jerusalém para si.
Em contundente discurso nesta quarta-feira, o chefe de Estado turco afirmou que a Organização das Nações Unidas sofreu um forte abalo nos últimos dias, diante dos graves eventos ocorridos em Gaza, onde militares israelenses mataram dezenas de manifestantes palestinos e deixaram centenas de feridos. A violência na região teve como pano de fundo os inúmeros protestos realizados por cidadãos da Palestina contra a transferência da Embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém, cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos e considerada em parte como futura capital do Estado palestino.
Ontem, demonstrando revolta com a situação, a Turquia decidiu convocar seus embaixadores em Washington e Tel Aviv para consultas. Em pronunciamento, Erdogan se referiu a Israel como um Estado terrorista, acusando os israelenses de estarem cometendo um genocídio contra os palestinos. O líder turco também instou o embaixador israelense em Ancara a deixar seu país, medida que foi prontamente respondida por Israel, que solicitou igualmente a saída do cônsul-geral da Turquia em Jerusalém. Nesta quarta-feira, o cônsul israelense em Istambul também foi informado de que deveria deixar a Turquia.
Israel tem travado por décadas um sangrento conflito contra os palestinos, que buscam até hoje ainda o reconhecimento internacional e a criação de um Estado próprio na região. Ambos os povos consideram Jerusalém sua capital, razão pela qual a cidade é considerada internacionalmente um território em disputa, não devendo ser reconhecida, em tese, como capital de qualquer Estado, até que a situação seja resolvida. Recentemente, no entanto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu considerar oficialmente Jerusalém capital do Estado israelense, e anunciando a transferência da embaixada norte-americana de Tel Aviv para lá, terminou por provocar uma série de revoltas no mundo islâmico como um todo, principalmente na Palestina.