Nesta quinta-feira (26) a justiça turca condenou a prisão perpétua 337 pessoas pela participação e liderança na tentativa frustrada de golpe de Estado em 2016. No total foram julgadas 475 pessoas, 60 foram condenadas a penas diversas e 75 absolvidas. Todos os condenados foram considerados culpados de tentativa de derrubar a ordem constitucional, tentativa de assassinato do presidente e homicídios.
No dia 15 de julho de 2016, uma sexta-feira por volta das 22h, jatos militares sobrevoavam a capital Ancara, bombardeando o Palácio Presidencial e o Parlamento Nacional. A tentativa de golpe imperialista partiu de militares traidores de dentro das forças armadas. Recep Tayyip Erdogan, presidente do país até os dias de hoje, acusou imediatamente os militares golpistas de estarem alinhados com o Hizmet, um movimento político-religioso liderado pelo clérigo Fethullah Gülen, exilado a mais de duas décadas nos EUA. Durante o ataque mais de 250 pessoas morreram e quase 1500 ficaram feridas.
Pontes em Istambul foram fechadas, bloqueando o acesso a cidade, tanques militares invadiram o aeroporto Atatürk, impedindo pousos e decolagens, bloqueando o acesso aéreo na capital, os traidores utilizaram um helicóptero que foi abatido por um avião de guerra turco durante a operação. Erdogan não estava no Palácio Presidencial, mas chegou momentos após o ataque, e foi recebido por uma multidão de populares.
Ao chegar, Erdogan, já pediu para que a população saísse e ocupasse todos os espaços nas ruas para defender o governo que estava sofrendo uma tentativa de golpe, por ser um líder nacionalista e popular, o povo turco atendeu prontamente ao chamado e partiram para cima dos golpistas em uma mobilização massiva. Houve confrontos entre a população e os militares, o povo saiu vitorioso, e já na manhã do dia 16 (sábado) o presidente avisava que o golpe havia fracassado e o país estava retomando a normalidade.
Um dia após a tentativa de golpe, Erdogan prometeu punir os golpistas. Durante dois anos até as eleições de 2018, milhares de pessoas foram demitidos de seus cargos públicos, outras dezenas de milhares tiveram seus passaportes suspensos por estarem envolvidos, no fracassado golpe de Estado de 2016 e não fugirem do país. Quando reeleito Erdogan demitiu mais de 18.000 pessoas incluindo 9.000 policiais e 6.000 membros das Forças Armadas que foram expulsos em virtude de um decreto feito pelo presidente contra os golpistas.
Mostrando claramente uma posição correta, neste momento as punições contra os golpistas continuam. A maioria dos condenados a prisão perpétua é composta pelos pilotos, que bombardearam locais emblemáticos da capital de Ancara, como o Parlamento, e pelos oficiais que lideraram o atentado da base militar de Akinci que fica próxima a capital fazendo dezenas outros oficiais de refém.
O julgamento de todos os alinhados ao projeto golpista é gigantesco e começou em agosto de 2017. Aconteceu na maior sala de audiências do país, construída especialmente no complexo penitenciário de Sincan, na província de Ancara.
De acordo com a Agência RFI de noticiais, o presidente de uma associação de parentes das vítimas, Ufuk Yegin, afirmou que “Justiça foi feita. O Estado não deixou o sangue dos mártires e dos feridos em vão”. Os tribunais turcos condenaram até o momento cerca de 4.500 pessoas, quase 3.000 à prisão perpétua, de acordo com dados oficiais.