Ontem (10) foi o oitavo dia de atos nacionais pela queda do governo liderado pelo presidente Lenín Moreno no Equador. Ao contrário do que tentou passar a propaganda da direita, os manifestantes – particularmente os indígenas – não aceitaram nenhum tipo de negociação com o Estado e garantem que não sairão das ruas enquanto suas exigências não sejam cumpridas.
“Diante da campanha midiática de desprestígio, circulação de informação falsa, mal-intencionada e descontextualizada esclarecemos às nossas bases e aos cidadãos que não negociamos nem chegamos a nenhum acordo com esse governo repressor e criminoso”, publicou a Confederação Nacional Indígena do Equador (CONAIE) em sua conta no Twitter.
Essa foi uma resposta a declarações de funcionários do governo que indicaram que teria havido um acordo inexistente com as lideranças populares para acabar com as mobilizações. O próprio Moreno emitiu declarações enganosas no mesmo sentido. ““Vim para a cidade de Quito com a finalidade de estender minha mão e poder manifestar que já temos bons resultados em relação ao diálogo com os irmãos indígenas”, disse. O presidente da CONAIE, Jaime Vargas, no entanto, afirmou que os protestos e passeatas continuarão por tempo indeterminado em Quito.
#MiercolesNegro. En este momento se realiza un minuto de silencio por los compañeros caídos que su fuerza y su convicción en la lucha por la defensa de los derechos de los más empobrecidos sigan iluminando este camino de insurrección popular ante un gobierno opresor. pic.twitter.com/I619RHi4hx
— CONAIE (@CONAIE_Ecuador) October 10, 2019
Na segunda-feira, uma multidão entrou na cidade após alguns dias de marcha, obrigando o presidente Moreno a fugir e transferir temporariamente a capital para Guayaquil, um polo financeiro no estado de Pichincha, onde a burguesia é mais forte e mantém uma ditadura, um estrito controle sobre a máquina estatal.
Entretanto, não adiantou a mudança. Na terça-feira, a cidade também foi inundada por uma onda gigantesca de manifestantes, que se enfrentaram com a polícia e as forças armadas exigindo a queda do governo e de todas as medidas neoliberais e repressivas, particularmente o mais novo pacote de ajustes ordenado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Além dos atos de rua em Quito, Guayaquil e nas principais cidades do País, bem como o fechamento de vias, o povo equatoriano tem realizado uma série de ocupações como parte das greves que os trabalhadores, camponeses, estudantes e indígenas deflagraram, especialmente na última quarta-feira. Como exemplo, nove poços de petróleo estão paralisados. Essa ação impacta tremendamente os negócios da burguesia e do imperialismo, uma vez que grande parte da economia equatoriana gira em torno desse hidrocarboneto. Deixaram-se de ser produzidos 230 mil barris de petróleo nos últimos dias, graças às ocupações das instalações petrolíferas.
Emissoras de televisão e rádio também foram ocupadas por manifestantes. Outras, que, supostamente, seriam a favor dos protestos, foram atacadas pelas forças da repressão, que intervieram no direito à liberdade de informação e expressão, demonstrando que o estado de exceção decretado por Moreno transformou o Equador em uma ditadura militar – que pode se aprofundar ainda mais, ao menos esse parece ser o desejo do imperialismo para evitar que o povo derrote o regime golpista.
O povo pede o Fora Moreno. E não parece estar disposto a aceitar qualquer coisa que não seja a queda do governo. Os protestos radicalizados mostram qual deve ser o caminho para conseguir esse objetivo: a luta radical, de massas, nas ruas, com uma grande avalanche popular que esmague a repressão estatal e estabeleça a vontade das classes populares.