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Derrota da esquerda

Equador: imperialismo elege Lasso e dá prosseguimento ao golpe

Mais uma vez comprova-se que o caminho puramente eleitoral é equivocado e que a solução é a mobilização popular

Guillermo Lasso, o candidato da burguesia equatoriana e do imperialismo, saiu-se vencedor das eleições no país sul-americano no último domingo (11). Ele derrotou Andrés Arauz, candidato do nacionalismo burguês apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa.

O resultado foi apertado, com uma vitória que contou com cerca de 52% dos votos, enquanto o candidato derrotado no segundo turno teve cerca de 48% dos votos.

Arauz, expressando o caráter extremamente moderado e conciliador de sua candidatura, reconhecei a derrota – claramente manipulada -, parabenizando Lasso com as seguintes palavras: “a partir de hoje, precisamos voltar a ser um só Equador.”

Tal posicionamento resume o que foi a candidatura de Arauz. Ele foi escolhido para estar nas urnas no lugar de Correa pela própria burguesia equatoriana e pelo imperialismo. Seria um candidato da moderação, não do enfrentamento. Sua campanha eleitoral girou em torno disso. Foi feita para ser derrotada.

As eleições mostraram novamente a tendência da esquerda pequeno-burguesa e do nacionalismo em se adaptar ao golpe. No Equador, as eleições de 2017 foram, na prática, um golpe de Estado. Correa, já impedido de se reeleger pela legislação do país e também por uma ampla campanha de propaganda do imperialismo, colocou Moreno como sucessor. Este venceu as eleições com apoio da base popular de Correa, mas quando sentou na cadeira presidencial revelou-se e iniciou a aplicação de uma política completamente oposta à que seu eleitorado – na verdade, o eleitorado de Correa – elegeu.

A perseguição política intensa – que levou Correa ao exílio na prática e à prisão de inúmeros membros de seu governo, bem como de militantes políticos e sociais – e a aplicação da política econômica neoliberal tomaram conta do Equador. As gigantescas mobilizações de 2019, traídas pela burocracia indígena, não foram capazes de mudar a conjuntura política e impor uma instabilidade nas eleições que possibilitasse uma candidatura popular que movimentasse as massas em um enfrentamento à direita.

Correa foi impedido de concorrer e teve de fazer um acordo. Arauz foi uma espécie de Fernando Haddad equatoriano. O grande problema é que a burguesia e o imperialismo impuseram esse candidato não para que vencesse as eleições e fizesse um governo de colaboração de classes, como ocorreu com a vitória de Luis Arce na Bolívia. Mas sim para que fosse derrotado, uma vez que as condições de mobilização social não eram iguais às das massas da Bolívia. A burguesia e o imperialismo perceberam que seria totalmente viável a vitória da direita golpista e que não seria necessário colocar em seu lugar uma esquerda adaptada ao golpe, como na Bolívia.

Mas, como sempre, devido à fragilidade do domínio burguês e do regime golpista, foi necessário um grande esquema de manipulação. Primeiro, como tem sido a tendência no continente, a burguesia forjou um candidato supostamente esquerdista, identitário, para enganar uma parcela do eleitorado e dividir os votos de Arauz. Essa foi a função de Yaku Pérez, um indígena “fake” promovido pelo imperialismo – como temos visto aqui no Brasil, com Guilherme Boulos, por exemplo.

A manipulação eleitoral se deu também por outros meios, como o controle de todos os aparatos do Estado pela direita golpista, o apoio notório do governo Moreno a Lasso e a intensa propaganda e campanha de mentiras da imprensa capitalista contra Arauz e pró-Lasso.

Mas o principal motivo do golpe está na própria esquerda e em sua confiança cega nas eleições como meio natural para a derrota da direita e do golpe. Tal como se vê em todo o continente, a esquerda nacionalista, pequeno-burguesa, não abandona suas ilusões nas instituições controladas pelos mesmos que deram o golpe e afastaram a esquerda do poder para se consolidarem. Ao invés de apostar na organização e mobilização das massas nas ruas, em um amplo movimento popular que se radicalize no combate concreto aos golpistas, pela derrubada dos governos impostos pelo imperialismo pela força dos trabalhadores, acredita-se nas eleições.

O Equador é mais um exemplo, como foi o próprio Brasil de 2018, que o caminho escolhido atualmente pela maioria da esquerda é um caminho que leva ao abismo. Fica cada vez mais claro que para derrotar o golpe, a direita e o imperialismo, o caminho deve ser a agitação e a mobilização nas ruas, confinando apenas na força e na organização das massas oprimidas. São elas, radicalizadas em um movimento revolucionário, que podem derrotar o golpe continental.

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