A epidemia de Covid-19 e, consequentemente, o desabamento da econômica capitalista mundial revela o tipo de sociedade, o tipo de sistema econômico em que vivemos. Dessa situação podemos tirar importantes conclusões sobre o que estamos observando e vivenciando nesses últimos períodos.
Há em todo mundo uma crescente incidência das epidemias. Tivemos na sequência grandes epidemias, como o Sars, mers, malária, cólera e ainda há as epidemias particulares de cada país, em especial dos países pobres, onde as condições de vida estão deterioradas, epidemias de dengue, sarampo, e ressurgimento de doenças praticamente extintas, como por exemplo tuberculose. Também devemos observar o ritmo de surgimento e expansão dessas novas e “velhas” doenças.
Essa incidência grande de epidemia, e esta última (covid-19) que se transformou numa pandemia, ao contrário do que diz a imprensa capitalista, procuram ocultar que a existência e proliferação dessa doença é uma anomalia do ponto de vista do desenvolvimento já obtido pela sociedade capitalista. Uma das grandes epidemias do século 20 foi a gripe espanhola, como resultado da primeira guerra mundial e hoje não temos uma catástrofe dessa magnitude para ter condições de uma pandemia de doenças infectocontagiosas.
É certo que existem locais no mundo, como Síria e Iêmen onde a situação de guerra deixou o país destruído e susceptível ao surgimento de epidemias diversas. Isso ocorre porque a guerra provoca uma destruição da infraestrutura do país e uma baixa da saúde da população que causada por condições extremas e adversas. Mas atualmente, a pandemia chegou a países como os EUA, Europa e Japão, onde não há nenhuma catástrofe grave e o nível de desenvolvimento é gigantesco, fato que deve chamar a atenção de todos.
Há uma escalada das epidemias no mundo, sendo o resultado na deterioração dos investimentos do Estado na prevenção de doenças. É uma tendência internacional de corte dos gastos públicos, no controle de doenças, higiene e limpeza das cidades e de saneamento básico que a imprensa burguesa procura ocultar.
As explicações que são dadas não são suficientes para explicar um desastre de saúde na publica desse tamanho, como por exemplo comer um animal ou coisa do tipo. Isso porque há mais de uma epidemia na maioria dos países do mundo. Um bom exemplo é o Brasil, que possui hoje 4 ou 5 epidemias concomitantemente com a pandemia de covid-19, sendo que algumas que estavam quase extintas, como o sarampo.
Essa situação mostra a incapacidade do capitalismo em sustentar um modo de vida que dê qualidade a maioria da população. Uma demonstração dessa incompatibilidade entre qualidade de vida e o capitalismo é a demonstração em outros acontecimentos que não são de saúde pública, mas mostrando descalabro da econômica capitalista. Podemos ver essa incompatibilidade com a cultura, como a destruição da catedral de Notre Dame, na França, que desabou e pegou fogo justamente porque o investimento na prevenção está sendo bruscamente reduzido. Em são Paulo, podemos ver o colapso de várias pontes e viadutos, porque não há manutenção preventiva. Incêndio no museu nacional no Rio de Janeiro, no museu da língua portuguesa e muitos outros.
É um resultado da falta de investimento e total falência dos estados capitalistas, onde é preciso desviar os recursos de todas as áreas para manter o capitalismo funcionando e se houvesse um nível de investimento normal e adequado para todos os setores, os capitalistas iriam a falência. Os capitalistas colocam a única escolha, ou o estado mantem os capitalistas ou os capitalistas vão a falência.
A pandemia de coronavírus também mostrou a farsa da ideia de unidade global ou regional. O COVID-19 mostrou que isso não existe minimamente e que está implantada a política do salve-se quem puder e ‘quem pode mais, chora menos’. Houve diversos casos de países impedindo a exportação de equipamentos para combate ao coronavírus ou de apreensão de equipamentos já vendidos. Como foram os casos de máscaras e luvas na Europa e dos respiradores nos EUA. Fica evidente que não há um esforço conjunto e sim cada um por sua conta e risco. Ao invés de uma ação unitária, que mostraria um sistema moderno e civilizado, temos a política da lei da selva.
Também ficou evidente que o sistema de saúde de todos os países está totalmente destruídos e incapazes de dar o mínimo para a maioria da população. Não existe as mínimas condições de enfrentar um problema desse tamanho. Tanto é assim que após a chegada do coronavírus nos países todas as medidas tomadas pelos governos capitalistas se tornaram completamente ineficazes.
Um problema que mostra a crise do capitalismo é não conseguir dar conta do tratamento das pessoas, controlar o problema com equipamentos respiratórios e torcer para que as pessoas melhorem sozinha. Desmascara completamente o capitalismo em resolver os problemas da sociedade. Os governos capitalistas se mostram absolutamente incompetentes em resolver os problemas e ineficientes. EUA tendo que sequestrar testes e equipamentos porque não conseguem suprir esses equipamentos com a sua própria indústria, maior pais industrial do mundo não consegue tomar uma decisão executiva que falam as empresas produzir em larga esses equipamentos, se dedicando apenas em salvar os capitalistas, com o seguinte nome de salvar a economia. Mas no fundo se trata de salvar os capitalistas.
Essa crise evidencia duas coisas. A capacidade estrutural de lidar com problema dessa magnitude, pois hoje não vivemos mais em uma situação, como na época da gripe espanhola, onde o desenvolvimento da ciência era mínimo, não havendo meios técnicos e científicos para entender a doença. O fato é que, simplesmente o modo de produção capitalista impede que esses recursos sejam utilizados para resolver esse problema. Outro ponto é a fragilidade do sistema e da economia capitalista que está completamente paralisada e sendo levada a bancarrota, e só ainda não foi porque os estados estão sustentando essas empresas capitalistas. Fica evidente que não há nenhuma solução para esses problemas sem atacar com o capitalismo.
