Marcelo Santa Cruz, militante dos Direitos Humanos e irmão de Fernando Santa Cruz, morto pela ditadura militar e recentemente atacado pelo presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, deu uma declaração exclusiva ao Diário Causa Operária e à Causa Operária TV, na tarde dessa terça-feira (30). Leia abaixo a declaração de Santa Cruz:
“É evidente que as declarações de Jair Bolsonaro causaram uma profunda indignação não só à família de Fernando Santa Cruz, mas também a todos os familiares dos mortos e desaparecidos e as entidades de direitos humanos. Inclusive, a repercussão dessa agressão que ele fez à memória de Fernando teve uma repercussão internacional. A nível nacional, a própria procuradoria da República, bem como o movimento nacional dos direitos humanos, o governo do Estado de Pernambuco, o prefeito do Recife, deputados e até mesmo pessoas ligadas ao capitão Bolsonaro, como o governador de São Paulo, João Doria, se posicionaram. Alguns, com oportunismo, outros por convicção de que Bolsonaro teria ultrapassado todos os limites éticos que possa se impor ao presidente da República. Você levantar questões que ocorreram a 45 anos atrás, inclusive tentando atingir o presidente da Ordem Nacional, Felipe Santa Cruz, que, à época da prisão secreta de seu pai, tinha apenas um ano e oito meses, é cruel e desumano. Eu costumo dizer que Bolsonaro se comportou muito mais como capitão, que teria participado dos porões da ditadura, do que como chefe de Estado da Nação brasileira.
“Essa questão não é uma questão familiar, pessoal. As entidades de direitos humanos estão respondendo à altura a essa questão. Agora, enquanto familiares, vamos representá-los junto ao Supremo Tribunal Federal e à Corte Interamericana de Direitos Humanos, que teve esse caso de Fernando aberto em 1974 e tem as informações que foram prestadas pelo governo brasileiro, inclusive em função do relatório da Comissão da Verdade, que havia dado o caso como encerrado. Mas, agora, surgiu um fato novo, que é a declaração do presidente da República, dizendo que sabe como ocorreu a prisão, o sequestro e o desaparecimento de Fernando. Então, ele tem, por obrigação ética, moral e jurídica de fazer essas declarações de que ele tem conhecimento tanto à Justiça brasileira como às cortes internacionais.
“Na próxima sexta-feira, às 15h, a Associação de Juristas pela Democracia, fará um ato no Monumento Tortura Nunca Mais, na rua da Aurora. O ato é promovida pela Associação de Juristas pela Democracia, mas terá a participação de outras entidades de direitos humanos e de pessoas que se sentiram agredidas pelas declarações de Jair Bolsonaro.”