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Entrevista

“Esperamos reverter o fechamento da fábrica com essa ocupação”

Com Paulo Antunes, um dos dirigentes dos petroquímicos, categoria que tomou a iniciativa na ocupação da Fafen

Nesta quarta (4), o Diário Causa Operária (DCO) entrevistou o companheiro Paulo Antunes, sindicalista do Sindquímica-PR e da ocupação da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), que completou 15 dias ontem. Paulo Antunes é petroquímico há 14 anos. Morador de Araucária e diretor sindical de Base do Sindiquímica Paraná.

Paulo Antunes

DCO: Nestes 15a dias de ocupação da Ansa/Fafen, qual o balanço da ocupação e da ampliação do movimento com a greve nacional dos petroleiros?

Paulo Antunes: O balanço tem sido positivo, pois a anos não conseguíamos unificar a nossa categoria com uma adesão tão expressiva. Com o start da greve nacional dos petroleiros, a base ficou ainda mais resistente, pois viram nos companheiros e companheiras do Brasil inteiro, algo além da solidariedade com as demissões, viram e sentiram nesse movimento nacional, a resistência de todos.

DCO: Matéria do jornal golpista Gazeta do Povo, diz que o governador Ratinho Jr e o líder da bancada do Paraná na câmara federal foram até o Rio de Janeiro conversar com o presidente da Petrobras sobre as demissões e o fechamento da fábrica e saíram de lá concordando com a política golpista do governo federal. Quem são os maiores inimigos dos químicos e petroleiros de Araucária? Qual a postura dos burocratas locais (prefeito e vereadores da cidade)?

Paulo Antunes: Lamentavelmente não tivemos a empatia e a solidariedade dos nossos representantes locais (vereadores/prefeito) fizemos várias audiências públicas denunciando o descaso e a política entreguista do governo Bolsonaro/Guedes e não nos deram respaldo. O governador, após pressão da bancada paranaense, foi até o Rio falar com Castelo Branco e nem respondeu os questionamentos encaminhados pelos sindicatos sobre o assunto desindustrialização, que é nossa fala contra o fechamento da Fafen. Infelizmente nossa representação política paranaense se resume em meia dúzia de parlamentares.

DCO: Os químicos e petroleiros de Araucária já foram a mesma categoria? Como chegamos até aqui?

Paulo Antunes: Na verdade somos Petroquímicos. Éramos integrados ao sistema Petrobras até 1993, quando houve a privatização da fábrica de nitrogenados e fertilizantes (Fafen PR). Em 2012 a então presidenta Dilma queria que o Brasil fosse auto suficiente em fertilizantes, assim reestatizou nossa unidade e construiu uma nova planta em Três Lagoas em Mato grosso. Após o golpe, a política da Petrobrás começou o desmonte de todo o sistema, com a intenção de ficar apenas com a exploração do pré sal. Ou seja , todo nosso patrimônio na mão do capital estrangeiro.

DCO: No que a pauta da greve dos químicos difere da dos petroleiros? Qual seria a pauta que unificaria químicos e petroleiros com as demais categorias? Qual o nível de compreensão de que a defesa dos empregos dos químicos é essencialmente uma luta contra a política do governo Bolsonaro? Como os grevistas veem a reivindicação mais popular do momento, a palavra de ordem de fora Bolsonaro e todos os golpistas?

Paulo Antunes: Nossa pauta é unificada. Petroquímicos e Petroleiros tem o mesmo ACT vigente. A única coisa que nos difere dos Petroleiros, é que não fomos incorporados ao sistema Petrobras, por conta do golpe. Com isso a empresa alega que somos apenas subsidiária, e que não temos os mesmos direitos dos Petroleiros. A pauta que unificaria nossa categoria com as demais, seria a retirada de direitos, Demissão em massa, práticas anti-sindicais e demais ataques que todas as categorias geral vem recebendo desse governo perverso.

Quanto ao nível de compreensão que temos com essa política neoliberal do Bolsonaro/Guedes, desde o princípio vínhamos avisando a todos nossos companheiros que seria um grande erro eleger esse nazista para o cargo mais importante do Brasil. Sabemos que lamentavelmente a população não vai as ruas reivindicar o fora Bolsonaro, pois conseguiram através de fake news alienar boa parte da população. Temos uma mídia golpista, um povo inerte e uma esquerda sem unidade. Lamentavelmente quem sofre é a classe menos abastada.

DCO: Qual é a relação do movimento com a cidade de Araucária? Quais medidas os grevistas tem mantido de agitação e propaganda junto à população? Quais organizações (sindicatos, movimentos sociais, partidos, etc) são os maiores apoiadores e aliados da greve neste momento? Qual a taxa de adesão dentro da própria categoria?

Paulo Antunes em ato na Fafen-PR. Foto: Karina Alves

Paulo Antunes: Conseguimos nos últimos anos , uma unidade com alguns sindicatos locais como Sismmar (Magistério) e Sifar (Servidores Municipais). Nos organizamos coletivamente pra combater os desmandos do Prefeito e eles nos ajudam muito na luta contra a privatização e desmonte da empresa. O Partido dos Trabalhadores (PT) de Araucária também tem sido protagonista nessa unidade, nos possibilitando encontros e debates com outras frentes populares. MAB, MST, UNE, CUT, UJS, MSTS, são parceiros históricos do nosso sindicato, assim sempre temos respaldo e apoio para enfrentamos todas as lutas. A adesão da base hoje conta com mais de 95% da categoria. Apenas gerentes e diretores não estão na greve.

DCO: A greve com ocupação de fábrica, que os petroquímicos em Araucária protagonizaram e mantém, é o único caminho viável contra a truculência dos patrões e a política de privatizações. É um exemplo para todo o movimento operário de conjunto no país, num momento em que todas as categorias, do setor público e privado, sofrem com a política golpista do governo Bolsonaro. Neste sentido, qual perspectiva você vê para o movimento?

Paulo Antunes: Esperamos reverter a situação de fechamento da fábrica com essa ocupação. Esperamos ter sucesso, e também esperamos que mais trabalhadores e trabalhadoras nos vejam como inspiração de luta e resistência. Podemos sair derrotados desse processo, podem nos tirar tudo, menos nossa dignidade.

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