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Chacina do Jacarezinho

Entrevista André Constantine em nome do movimento de favelas

"Pergunto a você quem se sente seguro com a presença da polícia militar? Se você se sente seguro você não faz parte da classe operária"

Nesta sexta-feira (07/05), o companheiro André Constantine, líder do Movimento Nacional de Favelas e Periferias, concedeu uma entrevista ao Diário da Causa Operária diretamente da quadra da Escola de Samba Unidos do Jacarezinho. As 7h da manhã havia sido organizado um ato próximo a comunidade cujo tanto o PCO quanto André Constantine participaram e ele se manteve lá ao longo do dia conversando com as organizações da comunidade na espera da segunda manifestação que ocorreria às 17h na própria quadra.

DCO – O que houve na favela do Jacarezinho no dia de ontem?

AC- Ontem aconteceu uma mega operação policial na favela do Jacarezinho, a operação teve inicio as 5h da manha, contou com mais de 150 policiais civis e levou a morte 25 moradores e 1 policial. De acordo com os moradores a maioria das mortes foi por execução, foram jovens negros que já encontravam-se rendidos no momento em que os policiais civis resolveram executá-los. A maioria das mortes ocorridas ontem foram mortes por execução. Neste momento muitos parentes dos mortos estão no IML tentando liberar os corpos, e daqui a pouco andaremos pelas ruas da favela para pegar relatos com outros parentes.

O que houve foi mais uma chacina praticada pelo braço armado do Estado burgues, algo muito comum. Vale lembrar que esta mega operação policial foi realizada descumprindo a decisão do STF, uma operação ilegal em meio a pandemia que já ceifou a vida de mais de 410mil. Outra denuncia importante é que centenas de favelas do Rio de Janeiro estão com água cortada, e como se sabe uma das formas de conter o avanço da pandemia é a higiene pessoal e neste momento o favelado abre a torneira e não tem água. Não só isso como 125 milhões de brasileiros sofrem com insegurança alimentar, pessoas que se alimentam no dia de hoje e não sabem se conseguirão se alimentar no dia de amanha, nas favelas são 85%. Ou seja, nós favelados, nós da classe operária, estamos morrendo de tiro, de fome e por covid.

DCO – O que você tem dizer sobre a necessidade do fim da polícia e da auto defesa da comunidade?

AC – Interessante essa pergunta porque tivemos uma reunião com entidades aqui no Jacarezinho e também de fora, com moradores e lideranças comunitárias. Tive oportunidade de fazer o uso da fala, chegou um momento do discurso que falei sobre isso, sobre a necessidade de apresentarmos soluções mediante ao caos e ao genocídio do povo negro, as chacinas que ocorrem. Algumas chacinas ganharam destaque na imprensa burguesa como a chacina da baixada, a chacina da Maré, a chacina da Candelária e a chacina do Fallet. Esta vale ser citada, ela ocorreu através de uma operação do BOPE em que 18 varejistas de drogas se abrigaram dentro de uma casa, o BOPE cercou esta residência, os varejistas negociaram, decidira se render pois não tinham outra alternativa, e no fim a maioria das execuções foi através de faca, os jovens foram mortos a facada.

O que resultou em relação as investigações da chacina do Fallet? Nada. Parafraseando Racionais MC “Recebe o mérito a farda que pratica o mal, me ver pobre preso ou morto já é cultural.” Os policiais ao invés de serem punidos são condecorados.

Bom, durante a reunião falamos sobre as propostas que temos para findar com o processo de criminalização dentro da favela e para findar a politica de guerra aos pobres que é disfarçada como guerra as drogas. O Estado burguês não quer acabar com a pobreza quer acabar com os pobres, essa política de guerras as drogas é ineficaz. A partir do momento o Estado se propõe a combater a venda do varejo e não atua na raiz do problema que é justamente como as armas e as drogas chegam aqui é enxugar gelo, sendo assim essa operações não resolvem nada. Ontem foram apreendidos 25 fuzis, só de caminhar por aqui é possível ver centenas de fuzis, a operação não resolve nada, o importante é saber como as armas e as drogas chegam aqui, aqui não há plantação de coca nem de maconha, a Taurus, uma das principais empresas bélicas, não esta aqui.

Por onde chegam as armas e as drogas? O mesmo camburão que carrega o corpo preto sem vida é o que trás as armas e as drogas nas favelas. Funciona assim no Rio de Janeiro a policia militar faz mega operação no Complexo do Alemão, ao invés de levar as drogas e armas para deposito eles as vendem para a facção rival. É assim que funciona não existe venda de drogas sem participação ativa desta instituição que é o entulha da ditadura militar, que é a policia militar.

Assim apresentamos a proposta de as favelas construírem a sua auto defesa, não só as favelas mas principalmente a classe operária que vive nestes territórios e que é massacrada pelo Estado burguês por meio da polícia civil e militar. Primeira proposta: o fim da policia militar e da policia civil, fim das policias, não existe como reformar as policias dentro do sistema capitalista. A primeira função da policia é manter a ordem do capital e a segunda é reprimir com muita violência qualquer levante da classe trabalhador. Essas são as 2 funções que o braço armado do Estado, as policias, cumprem no capitalismo.

Não existe a possibilidade de criar uma policia cidadã, como apresenta a esquerda pequeno burguesa como solução para a violência. O problema da PM não está na formação, quando ele sai da academia ele se depara com uma estrutura de corrupção consolidada, desde o guarda da esquina até os comandantes que recebem milhões para manter o tráfico nas favelas. É assim que funciona a venda do varejo de drogas aqui no estado do RJ e em outras regiões do brasil. Por isso é preciso extinguir a PM e não só ela como a policia civil, que é ainda mais violenta que a militar.

E você me pergunta quem fara nossa segurança. Pergunto a você quem se sente seguro com a presença da polícia militar? Se você se sente seguro você não faz parte da classe operária, porque essa instituição maldita não nos serve nem nos protege, dela somos alvo. Sei muito bem a quem ela serve, a quem ela faz serviço, dela nós pretos, pobres, periféricos das favelas, somos alvo. Por isso a proposta de quem fará nossa segurança após a extinção da polícia serão as milicias revolucionaria que não só farão a nossa segurança mas também farão uma revolução socialista para instaurar o poder dos trabalhadores. É muito importante o fim das policias e a instalação nas favelas de milicias revolucionarias.

Segundo proposta é liberação e estatização de todas as drogas, tanto a venda de armas quanto a venda de drogas é extremamente lucrativa e envolve diretamente o governo estado unidense. Outro exemplo são os caveirões, que são comprados pelo Estado sionista de Israel, os policiais do BOPE recebem treinamento do exercito de Israel que massacra os palestinos que lutam heroicamente contra o Estado de Israel. Contudo as drogas só serão estatizadas num governo socialista, assim utilizaremos o dinheiro das drogas para tratarmos dos drogados, serão tratados não com a secretaria de segurança mas com a secretaria de saúde, pois é uma questão de saúde.

A terceira proposta, que é crucial, é a organização de uma revolução socialista, organizada pelo proletariado, que não sera pela via pacifica mas pela luta armada para destruir o capitalismo e instaurara o socialismo. Fiz esse discurso para a favela, nós como revolucionários temos que mostrar aos favelados a raiz do problema, a raiz de toda a violência.

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