O coronavírus desembarcou no Brasil trazendo em suas partículas letais a mais completa desorientação social e política, infectando não só a população, mas também a consciência e a postura de diversos setores da sociedade, em particular da esquerda nacional, que vem assumindo uma posição cujo único adjetivo que lhe cabe não é outro senão uma conduta criminosa e, neste sentido, totalmente oposta aos reais interesses da população pobre e explorada de todas as regiões do País.
Diante da epidemia que já se alastrou por todo o País, o governo de extrema direita, reacionário e fascista vem perpetrando contra a população e as massas populares uma política de verdadeiro genocídio. O registro (obviamente, subnotificado) de infectados e mortos em todas as regiões cresce velozmente, sem que haja qualquer iniciativa eficaz por parte do Estado (federal, estadual, municipal) para conter o avanço da infecção e menos ainda para o tratamento do enorme contingente de brasileiros que já se encontram doentes.
Esta gigantesca operação de morticínio oficial contra a população vem sendo placidamente testemunhada pela esquerda nacional, sem que esta esboce qualquer iniciativa minimamente conseqüente, se posicionando ao lado dos trabalhadores e da das massas populares, agindo para denunciar a política criminosa do governo diante da tragédia e da catástrofe que se avizinha.
No plano sindical, a conduta das direções diante da pandemia que assola o País, os trabalhadores e a população pobre, desesperada, faminta, desempregada, subempregada é um verdadeiro desatino, um delírio total. Em São Paulo e no Distrito Federal sindicatos vinculados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) estão disponibilizando suas instalações para que o governo local monte “hospitais” ou “centros de atendimentos à população”. Acontece que tanto no DF como em SP os governadores são bolsonaristas (Ibaneis e Dória), de direita, eleitos na esteira da enorme farsa que foram as eleições fraudadas de 2018.
A verdade é que a CUT-DF embarcou na canoa furada da “ação solidária” contra a epidemia, que beneficia não os trabalhadores, nas as categorias, não os desempregados da cidade, mas favorece tão somente os inimigos, os algozes da população. Os sindicalistas da CUT, neste sentido, estão agindo como força auxiliar da direita, do governador bolsonarista do Distrito Federal, que faz enorme demagogia com ações que em nada sequer minimizam o sofrimento da população.
Em momento algum a direção da Central no DF procurou organizar um plano de lutas para exigir do governador direitista ações efetivas a favor dos trabalhadores, orientando e mobilizando as categorias para pressionar o Estado ao atendimento de suas reivindicações, em primeiro lugar a instalação de hospitais e leitos para socorrer os adoentados pelo Covid-19. Há enormes espaços públicos e prédios administrativos na capital onde, se houvesse vontade política e determinação em ajudar os mais necessitados, tudo poderia ser feito e já estar funcionando.
Trata-se de uma política inaceitável, de capitulação vergonhosa, de aliança e colaboração com os piores inimigos do povo. Cumpre o papel de neutralizar os sindicatos enquanto instrumentos de luta em defesa da população explorada, que se encontra totalmente desarmada diante da ofensiva dos neoliberais golpistas e do avanço da epidemia no País.
A verdade é que diante da gigantesca crise na qual o País está imerso a esquerda está completamente desorientada, sem política e sem programa para se posicionar e enfrentar o governo, pois sequer levanta a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”, mesmo diante de todas as evidências do fracasso e da tragédia que representa o golpismo à frente do País.