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O Parlamento e a epidemia

Entregar a Saúde nas mãos do Congresso é equivalente a genocídio

Os representantes dos capitalistas no parlamento não irão solucionar a crise epidêmica. É preciso mobilizar o povo trabalhador para conquistar a assistência médica

Em artigo publicado no portal “Vermelho” (19/03), jornal digital do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), sob o título À deriva em mar revolto”, o Deputado Federal Orlando Silva (PCdoB-SP) tece uma série de considerações a respeito do grave momento atravessado pelo Pais, notadamente, como não poderia deixar de ser, sobre a crise sanitária do coronavírus, que ameaça toda a nação, mas em particular os trabalhadores e as camadas pobres e exploradas das massas populares.

O artigo do deputado é daquelas peças que ao acabar de ler, o leitor mais atento e familiarizado com os problemas nacionais fica atônito e perplexo, sem muito acreditar no que os seus olhos acabaram de ver. No momento em que uma calamidade sócio-sanitária de gigantescas proporções se instala velozmente no País, onde as análises menos pessimistas falam em catástrofe nacional, com o número de infectados pela pandemia mundial da Covid-19 poderá deixar um saldo trágico de milhares ou mesmo milhões de mortos, o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) aponta, como medida eficaz de combate à terrível epidemia, a ação “responsável” do parlamento brasileiro. ”

“O parlamento é um pilar fundamental da democracia e não se furtará a cumprir seu papel na superação da pandemia que aflige o país. Mas também não dará um cheque em branco ao governo, que estará obrigado a prestar contas dos gastos e partilhar as informações com o Legislativo” Sim, eu entendo a sua perplexidade e estupefação, caro leitor do DCO, mas foram exatamente essas as palavras e a frase escrita em um dos parágrafos do artigo do senhor Orlando Silva no portal do seu partido.

O que deseja o deputado? Muito simples, deixar nas mãos sujas e criminosas do parlamento a responsabilidade para encontrar uma saída que impeça a mortandade de centenas de milhares, talvez milhões de brasileiros. O mesmo Congresso Nacional que não hesitou um só momento em endossar todas as mais duras medidas e ataques do bolsonarismo contra o povo trabalhador está sendo agora chamado “à responsabilidade” para assumir a dianteira na luta contra a pandemia. Este mesmo congresso – embora o fato tenha ocorrido na legislatura anterior, mas pouco importa – foi não só o defensor, mas foi também a instituição que votou e aprovou a famigerada Emenda Constitucional nº 95, ainda sob o  criminoso e golpista governo do senhor Michel Temer, que congelou os investimentos públicos em diversas áreas, mas particularmente na educação e na saúde O resultado deste crime inominável foi o mais completo sucateamento da saúde pública nacional, com a inviabilização do Sistema único de Saúde, o SUS. E para que isso? Para conter os gastos públicos? Não, obviamente que não senhor Deputado Orlando Silva. A saúde pública brasileira está sendo destruída e sacrificada em prol dos planos privados de saúde, em benefício daqueles que lucram com a doenças, com as enfermidades que acometem a população pobre e explorada e até mesmo, neste momento, de setores da classe média.

É quase que inacreditável que um parlamentar representante da “esquerda” nacional se coloque ao lado dos abutres e sanguessugas da nação rogando aos mesmos “responsabilidade” para com o povo trabalhador do País, que vem sofrendo as piores atrocidades aplicadas contra os seus direitos e conquistas por estes mesmos senhores, pelos representantes dos grandes grupos capitalistas, que têm seus interesses viabilizados e defendidos no parlamento através dos “nobres pares” do deputado Orlando Silva.

Queremos deixar claro que a depender dos senhores parlamentares, milhares morrerão nas ruas, nas favelas, morros e regiões periféricas do território nacional, sem assistência, sem qualquer mínimo amparo do Estado. Já não se trata de uma ideia infantil acreditar que o congresso golpista-bolsonarista irá se opor a Bolosonaro naquilo que é fundamental. A palavra de ordem do momento, que deve guiar a ação independente das massas, deve guiar a mobilização nacional para impor e conquistar o direito a uma assistência do Estado é “nenhuma confiança nas instituições capitalistas”. O povo pobre e as massas populares, que estão ameaçadas de morte, devem se organizar e se mobilizar de forma independente, em Conselhos Populares, por local de moradia e também de trabalho para derrotar os capitalistas exploradores e conquistar a assistência médica do Estado, o direito de ser atendido nos hospitais públicos e privados, pois estamos diante de uma emergência em saúde e não há o que esperar e menos ainda confiar nos capitalistas e seus representantes, onde quer que eles estejam (parlamento, tribunais, etc.).

A “exigência” do deputado Orlando Silva para que o parlamento cumpra com sua “responsabilidade” é uma capitulação vergonhosa diante dos maiores inimigos do povo; diante daqueles que votam a favor dos planos de destruição e desmonte do Estado de Paulo Guedes e Bolsonaro; daqueles que despejam rios de dinheiro para salvar as empresas capitalistas, enquanto a população segue desassistida.

Diante desta vergonhosa capitulação e prostração de mais um setor da esquerda nacional, que quer que o trabalhador morra confinado em casa, acometido pelo coronavíurus, chamamos todos os setores verdadeiramente preocupados em encontrar uma saída popular para a crise a cerrar fileiras para a convocação de um “Congresso do Povo”, a um chamado para que os trabalhadores e os explorados constituam seus próprios organismos e imponham sua própria solução, uma via classista, popular e revolucionária para a crise. Portanto, nenhuma confiança nas instituições, nenhum aval aos planos do governo que quer entregar dinheiro aos tubarões e cortar o salário dos trabalhadores ou oferecer uma esmola a estes diante da crise e da catástrofe que se avizinha. “Fora Bolsonaro”; Fora o congresso golpista, por novas eleições gerais.

 

 

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