A Boeing está em crise. Depois da queda recente de dois aviões MAX 737, a empresa perdeu valor de mercado, caindo de US$ 248,9 bilhões em março de 2019 para US$ 187 bilhões. O volume de entregas também despencou. Em 2018, a Boeing entregou 806 aviões, já em 2019 foram apenas 380, número mais baixo em mais de uma década. Enquanto isso, a principal concorrente da empresa norte-americana, a franco-alemã Airbus, teve crescimento de 8% nos pedidos, entregando 863 aviões em 2019.
No entanto, como explica uma matéria publicada no sítio neofeed, sob o título “A Embraer, quem diria, pode ajudar a resgatar a Boeing”, a entrega da Embraer para o imperialismo pode ajudar os capitalistas estrangeiros a salvarem sua indústria decadente. Com a Embraer, a Boeing entra no mercado de aviões menores, com jatos de até 150 lugares. Segundo um consultor ouvido pelo neofeed, Francisco Lyra, da C-Fly Aviation, a “Embraer pode ser uma tábua de salvação para a Boeing recuperar fatores que perdeu ao longo do tempo, como a capacidade de engenharia e o viés de inovação”.
A reportagem ainda explica que a Boeing contava com a complacência da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), enquanto a Embraer sofria com uma exigência rígida desse mesmo órgão. “A Embraer sempre encontrou um olhar duro nesses processos. E provou que consegue entregar produtos seguros e eficientes nos prazos prometidos”, diz Lyra. “E isso é um grande trunfo, já que agora, com o caso do 737 MAX, todas as certificações ficarão mais rígidas.”
Parasitismo
Esse caso ilustra exemplarmente o parasitismo dos grandes monopólios capitalistas. Por meio da corrupção dos políticos dos países atrasados, da sabotagem econômica e de golpes de Estado, os grandes capitalistas internacionais conseguem manter o controle sobre setores inteiros da economia mundial. Um controle exercido com mãos de ferro, que não permite o desenvolvimento da indústria nacional de países atrasados, muito menos a livre concorrência dessa indústria no mercado internacional.
No caso do Brasil, essa realidade foi mostrada de forma contundente pelo golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff em 2016. A própria operação Lava Jato, instrumento decisivo do golpe, atingia em cheio setores da indústria nacional, visando a construção civil e o setor de petróleo. O sentido político, porém, era mais amplo, de submissão de toda a economia do País. A entrega da Embraer mostra como esse processo consiste em um roubo do Brasil em larga escala, assim como dos outros países atrasados em todo o mundo, para salvar o sistema decadente dos grandes monopólios.
Para reverter essa política, que visa a destruição completa da indústria no Brasil, tornando o país uma colônia de exportação de matéria prima, é preciso derrotar o golpe e derrubar o governo Bolsonaro. Não há tempo para meias medidas, e a palavra de ordem mais popular das ruas precisa ser abraçada pelas direções de esquerda, dando uma direção definida que leve a uma saída à esquerda para a crise nacional. É hora de levantar o Fora Bolsonaro!