Nos últimos dias, acirrou-se o conflito pontual entre os setores da direita tradicional, representantes puro-sangue da burguesia imperialista, e o governo Bolsonaro.
Isso se deve ao anúncio da substituição, no comando da Petrobras, do funcionário direto das grandes petroleiras e dos especuladores, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna.
O “mercado” não viu a troca com bons olhos, sinalizando que, assim, Bolsonaro estaria adotando uma política mais intervencionista na empresa. A Folha de S.Paulo publicou uma reportagem que noticia o “derretimento” dos indicadores financeiros brasileiros, ou seja, os especuladores se viram contrariados e já começam a boicotar a mudança no cargo.
Bolsonaro se viu pressionado, principalmente pelos caminhoneiros, devido ao aumento do preço do diesel, acompanhando as flutuações do mercado internacional. Por isso tirou Castello Branco, que ele mesmo havia imposto como presidente da Petrobras, e colocou um militar à frente da companhia. Em um primeiro momento, Luna deverá encenar uma política mais nacionalista para agradar a base bolsonarista, formada em grande parte por militares. Mas tudo não passará de pura encenação.
Em encontro com apoiadores nessa segunda-feira (22), o presidente ilegítimo questionou: “O petróleo é nosso? Ou é de um pequeno grupo no Brasil?”
Eis a principal questão, que está no fundo desse acontecimento: as eleições de 2022. Atendendo parcialmente às reivindicações dos caminhoneiros, Bolsonaro conquista um maior apoio de um setor da população. Além disso, fortalece o apoio de sua base tradicional, vendendo-se como um “patriota”.
Já tendo o controle da Câmara e do Senado, com o apoio mantido nas Forças Armadas (que tutelam o STF), Bolsonaro consegue se impor à burguesia e seus candidatos tradicionais. A direita também já esclareceu que não pretende derrubar o presidente fascista e os mais de 60 pedidos de impeachment servirão apenas para Arthur Lira sentar em cima, como fez seu antecessor Rodrigo Maia.
Neste momento, Bolsonaro tem clara vantagem sobre os setores tradicionais da burguesia para se reeleger em 2022.
Já a esquerda, ao invés de adotar uma política independente, mantém-se a reboque da burguesia, só para tentar contrastar com Bolsonaro. Em todos os momentos que ocorre o conflito entre Bolsonaro e as alas tradicionais da direita, a esquerda se vê compelida a escolher um dos lados, e escolhe o “mal menor”.
O grande problema é que, ao abraçar a direita tradicional, a esquerda termina por compartilhar sua impopularidade, enquanto Bolsonaro e sua política demagógica ganham adeptos.
A esquerda precisa, urgentemente, tornar-se independente da burguesia. A única forma de fazer isso e, ao mesmo tempo, formar uma força alternativa a Bolsonaro, é organizando um movimento forte de massas que impulsione uma candidatura própria.
E isso só pode ser feito através da pessoa do ex-presidente Lula. Ele é o único agente da esquerda nacional capaz de mobilizar amplas massas populares em sua defesa. Daí a necessidade de garantir a recuperação de todos os seus direitos políticos, para que possa ser candidato.
A mobilização para que Lula seja candidato será o pontapé inicial para um amplo movimento de massas contra a direita e Bolsonaro. Conquistando os direitos políticos do ex-presidente, o povo arrebatará uma vitória das mais importantes desde o golpe de 2016 contra a direita, o que, com grandes probabilidades, impulsionará ainda mais esse movimento, para transformar-se em um movimento pela eleição de Lula em 2022. Isso modificaria a correlação de forças e o próprio caráter das campanhas eleitorais que, nas últimas décadas, se destacaram por uma monotonia e falta de participação popular – uma vez que não se viu tamanha polarização como temos hoje.
Essa é a única maneira de derrubar Bolsonaro e derrotar todo o golpe da direita.
As mobilizações nacionais em Brasília e São Paulo neste sábado, dia 27, deverão ser o ponto de largada dessa luta. Às ruas por Lula candidato e Lula presidente! Fora Bolsonaro, Doria e todos os golpistas!