Na última quarta-feira, dia 28 de agosto, a Coalizão Negra por Direitos, organização do movimento negro nacional, denunciou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) as mortes sistemáticas contra a população negra no país. A partir de dados do genocídio negro no país, que tem se intensificado no governo ilegítimo do Bolsonaro, o movimento negro dá um tiro no pé ao defender o desarmamento da população negra.
Os dados, apresentados pela pesquisa do Atlas da Violência, apontam que 75,5% das pessoas assassinadas no país são negras, apesar de a porcentagem de pessoas negras no país ser de cerca de 54%. Além disso, a maior parte de assassinatos é de jovens (59,1%) e indivíduos do sexo masculino (91,8%). Deve-se, a partir desses dados, tentar fazer uma análise mais profunda do que apenas afirmar que a causa de tais mortes seja a existência de armas de fogo
Em primeiro lugar, é importante fazer a intersecção desses dados. Quem é o jovem, negro e homem? Seria interessante ter maiores dados a respeito da classe social das pessoas assassinadas, pois jovens negros de periferia (tanto homens, quanto mulheres) são sistematicamente assassinados diariamente pelas milícias fascistas do Estado burguês.
No mês passado, uma semana após o assassinato de seis jovens nos arredores ou em favelas do Rio de Janeiro, a relatora sobre os direitos das mulheres e afrodescendentes da Comissão Interamericana de Direitos Humano (CIDH), Margarette May Macaulay, afirmou que o Brasil tem que dar atenção à questão da violência cometida contra negros.
De fato, é essencial dar atenção a estas questões, no entanto, é necessário ter a política correta. Em primeiro lugar, extinguir a polícia militar que é descendente direta da ditadura e não modificou nem seus métodos de tortura, nem sua estrutura. Foram responsáveis por calar a população em geral que lutava pela democracia e hoje, sob os mesmos pretextos de censura, silenciam na base da bala a população negra.
Em segundo lugar, é importante pensar no exemplo do Partido dos Panteras Negras, que conseguiu reduzir durante bom tempo a perseguição da população negra da periferia nos Estados Unidos. Armar o povo negro e organiza-lo para combater as milícias fascistas, sejam elas do Estado burguês ou os capatazes da burguesia. Desarmar a população negra é joga-la na boca dos lobos, indefesa.