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Entenda por que o 8 de março é o dia da mulher trabalhadora e uma comemoração do movimento operário

As informações confusas a respeito do dia 8 de Março são exemplo de como a burguesia se esforça para apagar da História as marcas da luta operária. Para isso, procura mudar o significado desta data e traçar outras raízes a ela. Ao ler artigos da imprensa capitalista, você irá se deparar com uma narrativa que remete às mais diversas origens para a data. O resultado final deixa o leitor desnorteado, sem conclusões relevantes. Como exemplo dessa desinformação, escolhemos analisar um artigo da BBC, acessível neste link.

O artigo conecta as origens da comemoração a movimentos de mulheres dos EUA e de “alguns países da Europa”. Lembra que a data é frequentemente associada a um incêndio de uma fábrica nova-iorquina, ocorrido em 25 de março de 1911. Menciona outra importante marcha de mulheres operárias, ocorrida também em Nova Iorque, em 1909, no dia 26 de fevereiro, e a Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, que fixou o dia 19 de março para comemorar as lutas operárias das mulheres. Após esta salada de opções, o artigo menciona os protestos das trabalhadoras russas de 1917, como se fosse mais um acontecimento entre tantos outros.

Esta mistura de datas e eventos aleatórios é típica da propaganda burguesa, que procura esvaziar qualquer sentido revolucionário dos acontecimentos históricos. As lutas das mulheres operárias começaram, obviamente, com o início do capitalismo, muito antes do Século XX. Em 8 de Março de 1857, por exemplo, trabalhadoras nova-iorquinas deflagraram uma importante greve, que chamou atenção para pautas femininas, dando origem ao primeiro sindicato de trabalhadoras.

Algumas marchas e datas comemorativas foram sendo estabelecidas localmente, até que o II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas, em 1910, fixou como 19 de Março (homenagem à Revolução de 1848) como “Dia Internacional da Mulher Trabalhadora”. A data passou a servir de referência para as trabalhadoras socialistas organizarem suas lutas. Entretanto, a partir da Revolução Russa de 1917, a data passou a ser celebrada por movimentos operários, no mundo inteiro, no dia 8 de Março.

A Revolução Russa não foi o maior acontecimento da história da luta socialista. E foi graças às manifestações da Revolução de Fevereiro que o movimento operário russo derrubou a monarquia –  um fato inédito no mundo. Este movimento foi marcado pelo protagonismo das trabalhadoras, com importantes greves deflagradas no dia 8 de março (23 de fevereiro – no antigo calendário russo), que foi, de fato, o início da Revolução. A partir do ano seguinte, o governo bolchevique oficializou esta data como o Dia da Mulher Heroica Trabalhadora, e movimentos operários de outros países passaram a adotar a data para comemorar o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.

Sem conseguir impedir a adoção de uma data comemorativa, as Nações Unidas foram obrigadas a oficializar a data, em 1975, rebatizada para Dia Internacional da Mulher (retirou-se a palavra Trabalhadora, obviamente para apagar o sentido classista da data). Desde então, a burguesia tenta mudar o significado desse dia, que sempre celebrou a luta das operárias contra o capitalismo, para um dia de receber flores ou, no máximo, que trate da igualdade de gênero (sem mostrar que a desigualdade de gênero só irá se agravar enquanto o capitalismo permanecer vigente).

Os próprios movimentos pequeno-burgueses acabam seguindo esta tendência, como é de sua natureza. Para estes, foi preferível deixar em segundo plano o nome original da data comemorativa e substituí-lo por uma abreviação “moderninha” – 8M -, uma inovação que não significa nada para a trabalhadora do chão de fábrica.

Na organização das manifestações comandadas pela esquerda pequeno-burguesa, é comum manter-se a tônica de proibir a participação de partidos políticos, mostrando uma falta de compreensão quanto à importância da formação de frentes revolucionárias amplas, num direcionamento que só pode agradar mesmo aos partidos de direita (que não saem às ruas) ou às direções pequeno-burguesas de pequenos movimentos sociais (que não querem perder o “protagonismo”).

De qualquer maneira, o 8 de Março continua sendo uma importante data de luta. Trata-se do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, marco que precisa ser lembrado e fortalecido por todo movimento que se considere revolucionário.

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