Desde março foram suspensas as aulas das escolas e universidades do país a fim de restringir a aglomeração como uma das formas de se combater a pandemia do coronavírus. Nesse sentido, o primeira passo para o combate à enfermidade está sendo praticado, apesar dos comércios e empresas em geral já estarem retomando suas atividades como se não houvesse amanhã.
Por outro lado, apesar das aulas presenciais suspensas, muitas escolas e universidades não suspenderam suas atividades, mas somente passaram a dar aulas à distância. Além dessas, muitas outras, como a Universidade de São Paulo (USP) estão sendo pressionadas pelos governos dos estados, municípios e reitorias a seguirem em EaD.
Não haveria problema se os conteúdos, matérias, trabalhos e demais atividades se desenvolvessem de forma complementar porém, não é o que acontece. Boa parte dos estudantes do país sequer possuem os instrumentos e infraestrutura necessários para tal.
Na USP, além de uma grande quantidade de depoimentos em forma de áudios, vídeos e postagens relatando a falta de equipamentos pessoais intrínsecos para as atividades cobradas, em protesto pela suspensão das aulas e do calendário acadêmico, como Stefanie – estudante do curso de Letras da USP que recebeu milhares de visualizações pelo vídeo no Facebook – moradores das residências estudantis, como do Conjunto Residencial da USP (CRUSP), sofrem com falta de coisas tão básicas quanto água.
Acima dos problemas de ordem técnica, a pressão para o uso do EaD não vem a toa, nem se trata de uma preocupação genuína de Bolsonaro e sua gangue com a educação da juventude brasileira. A implementação forçada pela pandemia do Covid-19 é mais uma tática oportunista da política de guerra do neoliberalismo à educação, principalmente nas instituições públicas para sucatear ainda mais o ensino público, cujo objetivo final é a privatização do mesmo, caso notório de todos os serviços e empresas estatizadas desde os anos 1990, da Vale até, atualmente, os Correios.
O Ensino à Distância ainda de precariza o contato diretos entre os educadores e estudantes, limitando a interação a perguntas e respostas. A necessidade quantitativa de infraestrutura – salas de aula, bibliotecas, etc – e do corpo de professores se reduz extraordinariamente. Nesse sentido, financeiramente e ao empresariado, o EaD é extremamente lucrativo, porém no sentido da qualidade, o que interessa aos estudantes, o ensino a distância é extremamente depreciativo.
Assim, as decisões das reitorias e organismo governamentais são não somente um ataque aos estudantes que não possuem em suas casas e moradias a infraestrutura devida para o acompanhamento das aulas, mas também um ataque ao ensino brasileiro, principalmente ao ensino público do país que, desde o golpe de Estado, não teve sequer um ponto de melhoria, sofrendo com cortes, congelamentos de verbas e investimentos, aumento do autoritarismo institucional, fechamento de moradias estudantis e de um plano nacional que visa privatizar o ensino público.
Os assédios para o sucateamento e a privatização das instituições de ensino só avançam se entidades como a UNE, os Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs), Centros Acadêmicos (CAs) dos cursos universitários e os grêmios estudantis capitularem diante da crise, como estão fazendo no presente momento. É preciso pressionar os órgãos da vanguarda estudantil, mobilizar os estudantes para protestar contra o sucateamento de suas instituições, barrar a privatização e declarar de uma vez por todas o Fora Bolsonaro seguido de Eleição Geral para por fim ao golpe e à crise do país.