A direita pode superar qualquer questão técnica para avançar com o sucateamento e a privatização do ensino. Nesse sentido, a Secretaria de Educação do Distrito Federal anunciou que utilizará um aplicativo que não consome dados móveis dos estudantes ou dos professores. As escolas de rede básica do Distrito Federal já entraram em fase de teste do Ead nesta segunda (22), confirmado o retorno obrigatório para o dia 29.
O coordenador do programa Escola em Casa, David Nogueira, revelou em entrevista no DF1 que, na quarta-feira (24), será apresentado um aplicativo que permite acesso às atividades escolares sem precisar de internet. Em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), está sendo programado uma plataforma gratuita que não necessita de dados móveis ou de uma rede fixa para utilização. Todos os custos serão direcionados para a Secretaria de Educação, apontado por ele como maior empecilho até então. Outra medida esclarecida, é que as atividades serão gravadas para que os alunos consigam acessar nos “momentos oportunos”.
Garantir acesso às atividades, ainda mais com o caridoso auxílio da Secretaria, não pode ser visto como resolução do problema. Mas é claro que providenciar um sistema de telecomunicação parcialmente funcional em aliança com os tubarões capitalistas da educação, custa muito mais barato do que pagar os custos trabalhistas e as instituições de ensino, ainda mais barato do que providenciar um programa de combate a crise sanitária e que uma verdadeira assistência a comunidade escolar durante a crise financeira. É uma medida demagógica para o Ead soar como inclusivo e como uma medida para remota para a crise.
É importante tratar o ensino a distância como uma ataque sério a política estudantil, não só por causa do barateamento da educação, como também entendê-lo como um passo para a privatização total do ensino público. Ninguém aprende com Ead, a maioria dos estudantes não tem um computador para acompanhar as aulas, e a maioria dos professores nenhum treinamento para dá-las. No DF, além das aulas pelo Google Meets, serão dadas aulas pela televisão, e a frequência dos alunos será contabilizada pela entrega das atividades. Basicamente, se você não conseguir realizar a tarefa, você nem tentou assistir a aula.
Também é fundamental compreender que o Ead não é um projeto para a crise. É uma medida da direita, que sobre o pretexto do coronavírus avança, assim como a resolução de qualquer dificuldade técnica para implementá-lo. A burguesia pretende apenas organizar a situação, para impor suas medidas pró-imperialistas e conter qualquer mobilização contrária a seu programa. Por isso, permitir que o ensino a distância se fundamente agora, é permitir que ele prossiga inclusive no depois da pandemia.
Para piorar, o Ead é ainda uma forma de não cancelar o ano letivo, ou seja, abrir caminho para o retorno das aulas presenciais e o genocídio da comunidade escolar. Por isso os estudantes precisam se mobilizar de forma combativa contra as investidas do governo Bolsonaro, organizando greves, atos, e romper a paralisia das entidades estudantis. O Ead não pode ser aceito em nenhum nível.