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Instabilidade reflete crise

Enquanto o dólar sobe, a economia desce a ladeira

Contradições do regime bolsonarista levam a um aprofundamento da crise política com grandes consequências para a economia

O tema já foi discutido pelo Diário Causa Operária mas nunca é demais lembrar que a profunda guinada à direita do regime político, cujo marco histórico foi o show de horrores que marcou a derrubada ilegítima da presidenta petista Dilma Rousseff, tinha como uma de suas principais peças de propaganda a ideia de que, sob a condução do que existe de mais atrasado e reacionário no país, o Brasil iria superar as dificuldades econômicas dos anos finais do governo petista. Com 4 anos completados no último 17 de abril e sob a luz da realidade objetiva, a farsa de uma política econômica dominada pelos interesses do “mercado” e capaz de melhorar o drama das massas exploradas parece mais uma piada.

O fracasso retumbante ganhou novos contornos esta semana, com a violenta pressão dos mercados financeiros sob a moeda nacional, que nesta sexta-feira, 24 de abril, chegou a atingir o novo recorde histórico de R$5,73. Que o leitor não espere ver expressões como “barreira psicológica” para definir os sucessivos recordes quebrados, com toda a desgraça realizada, Bolsonaro ainda não preocupa tanto a burguesia a ponto dela resolver, de fato, tirá-lo, mesmo que a fragilidade da economia nacional leve o real a se desvalorizar mais de 42% desde o começo do ano.

Em outro exemplo emblemático da crise provocada pelo regime, a bolsa de valores fechou o pregão de sexta-feira com queda de -4,342.69 pontos no volume de negócios apurados pelo Ibovespa, que chegou a registrar retração de 9,58%, muito próximo do mecanismo que interrompe as operações da bolsa, o “circuit breaker”, o primeiro desde a sequência de quedas e acionamentos da interrupção ocorridos em março, interrompidos após uma série de injeções de dinheiro público realizados pelos governos burgueses para salvar os capitalistas.

Ao longo do dia, a bolsa de São Paulo recuperou um pouco do volume mas ainda fechou o dia com queda de 5,45%, situação semelhante a do real, cuja desvalorização reduziu o ritmo e terminou o pregão de sexta cotado a R$5,66, o que de qualquer forma, representa uma alta de 2,53% do dólar. A interrupção da desvalorização, contudo, só foi possível com nova intervenção do Banco Central no mercado, através de leilões da moeda americana da ordem de US$1,545 bilhões, além de US$1,2 bilhão a título de swap cambial.

O quadro amplo revela de maneira muito ilustrativa como os interesses dos mercados financeiros não guardam relação alguma com os interesses das massas trabalhadoras brasileiras. O caso brasileiro ganha contorno ainda mais explosivos pelas contradições existentes no regime, que são muitas.

Consequência direta do golpe de 2016, a eleição de Bolsonaro envolve um complexo arranjo político em que a pequena burguesia desesperada, sua base política, entrou em conflito com a ala imperialista da burguesia, que desejava impor a política de quarentena a nível nacional, o que fatalmente arruinaria os pequenos negócios da base bolsonarista. Diante deste choque, o governo simplesmente travou, desmoronando-se enquanto o alto escalão de seu gabinete tornava pública as profundas contradições do regime. Entre os membros mais destacados do ministério bolsonarista estava justamente um personagem central do processo golpista, que derrubou Dilma Rousseff em 2016 e prendeu o ex-presidente Lula dois anos depois, com interferência direta no processo político, o agora ex ministro Sérgio Moro.

A renúncia de Moro é apontada pela imprensa burguesa como fator da profunda desestabilização e desconfiança dos mercados sobre os rumos do Brasil. Claro que, sendo um agente do imperialismo, e estando em um posto chave para permitir o controle do governo sabidamente relacionado com o crime organizado, os desdobramentos da renúncia de Moro deverão ser atentamente acompanhados mas é certo que o carrasco de toga não tomou a decisão de abandonar o governo de Bolsonaro sozinho nem baseado em interesses próprios ou no coleguismo. Conforme a crise aumenta, a tendência natural é que estes enfrentamentos se tornem ainda maiores até que um desfecho definitivo se dê, o que na história brasileira, sempre significou um novo golpe seguido pelo endurecimento total do regime.

Até lá, a economia certamente seguirá ladeira abaixo, com indicadores como as operações da bolsa e a cotação da moeda seguindo os humores da crise política. Isto, é claro, a menos que um evento histórico realmente inovador seja posto em marcha e a crise seja superada não pelos diferentes grupos da direita em disputa mas pela principal força política do país, até então deliberadamente posta em estado de letargia: os trabalhadores. Estes sim, tem força para uma solução ao impasse nacional que atenda as massas.

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