Mal se instalou a crise do Coronavírus e uma das primeiras medidas do governo golpista e ilegítimo de Jair Bolsonaro foi sair distribuindo dinheiro para o mercado financeiro, já em meados do mês de março. Alegando a necessidade de salvaguardar a economia de uma já então previsível ruína provocada pelas medidas necessárias para a contenção do avanço da pandemia em território brasileiro, o governo liberou a escandalosa quantia de cerca de 1,2 trilhão de reais para os bancos. A disponibilidade de tais recursos para os capitalistas foi rapidamente liberada. O mesmo não acontecendo com a esmola de 600 reais que foi oferecida a uma minoria dos trabalhadores. O auxílio emergencial demorou muito a ser liberado e, quando finalmente os trabalhadores começaram a ter acesso a ele, descobriu-se que a maioria dos que dele necessitam estavam de fora e não conseguiram se cadastrar.
Segundo o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, uma das principais razões para a entrega do 1,2 trilhões aos banqueiros seria, justamente, para se aumentar a disponibilidade de recursos nos caixas dos bancos e se diminuir as incertezas dos agentes do mercado. Ou seja, uma forma de se evitar a paralisia da economia e o consequente aumento do desemprego, através de maior liquidez para os bancos emprestarem dinheiro.
No entanto, de acordo com a página de economia da UOL na internet, 90% das pequenas empresas brasileiras não estão conseguindo esses empréstimos no setor financeiro para sobrevivência de seus negócios durante a crise sanitária e financeira, segundo pesquisas feitas pela Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas) e pelo Simpi (Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo). Segundo essas entidades, esses recursos seriam fundamentais para se evitar demissões dos trabalhadores dessas empresas. Esse é, sem dúvida, o efeito mais nefasto da falta de crédito bancário para os micro e pequenos empresários. Quer dizer, esses recursos de mais de um trilhão de reais para os setores financeiros não estão chegando a uma parcela importante do setor produtivo do país e provocará o fechamento de mais de 200 mil vagas de emprego, que corresponde a 15% do setor, segundo a Abimaq.
Então, fica a pergunta, onde estão indo os recursos públicos enviados aos bancos? Ora, se não estão indo parar nas mãos dos setores capitalistas menores, que são os mais necessitados de auxílio, pois são aqueles que mais têm dificuldades de sobreviver em momentos de crise, só podem estar indo parar nas mãos dos grandes capitalistas, que sempre conseguem ganhar mais e se expandir mais quando os trabalhadores e pequenos comerciantes afundam desesperadamente.