Nesta quinta (17/12) , IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou dados acerca da ocorrência de trabalho infantil no Brasil. Foi constatado pela instituição que cerca de 70% vítimas de trabalho infantil no Brasil são pretas ou pardas. Um aumento em relação aos dados de 2019, onde 66,1% das vítimas de trabalho infantil eram pretas ou pardas.
Os dados do IBGE revelam uma redução de 16,8% do trabalho infantil no Brasil entre 2017 e 2019. Ainda assim, 1,8 milhões de crianças e adolescentes com idades entre 5 e 17 anos ainda eram submetidos ao trabalho infantil em 2019 (4,6% da população brasileira nessa faixa etária). Em 2016, para termos de comparação, eram 2,1 milhões de crianças trabalhando (5,3% da população brasileira na faixa etária).
O IBGE conceitua trabalho infantil como toda atividade econômica ou de autoconsumo (a exemplo de cultivo, pesca, caça e criação de animais, fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos) perigosa ou prejudicial à saúde e desenvolvimento mental, físico, social ou moral das crianças e que interfira na sua escolarização. Nem todo trabalho realizado por indivíduos na faixa dos 5 aos 17 anos é considerado trabalho infantil. O entendimento é diferente de acordo com a idade.
Crianças submetidas ao trabalho infantil possuem menores taxas de frequência escolar. Enquanto 96,6% de todos aqueles com idade de 5 a 17 anos declaram frequentar a escola, entre os que trabalham esse percentual cai para 86,1%, segundo dados do IBGE.
Os números do IBGE são mais uma prova de que o racismo estrutural está entranhado no cotidiano brasileiro, em todas as faixas etárias a população negra é a mais atingida pela política genocida que o Estado brasileiro adota.
Não existe nenhum plano político para alterar esse panorama. Enquanto a população negra é alienada de direitos humanos básicos independente de faixa etária, sexo ou região do território nacional, aqueles que deveriam apoiar a organização popular pela mudança fazem demagogia.
A esquerda se apropria das pautas e sofrimentos do movimento negro, comemora falsas vitórias eleitoreiras e a representatividade de alguns indivíduos que na melhor das hipóteses são meros títeres da direita liberal e na pior atuam como verdadeiros “capitães do mato”. Enquanto uns poucos se elegem utilizando a miséria da população negra como propaganda e outros formam comitês de diversidade para limpar a imagem de grandes capitalistas, o genocídio negro no Brasil só se amplia.
Não existe avanço na pauta do movimento negro enquanto nossas crianças são escravizadas, nossos jovens são assassinados e nossa população é empurrada pelas condições econômico-sociais para viver em verdadeiros guetos sem acesso ao mínimo de serviços públicos para dar dignidade e condições mínimas de vida, sem acesso a escolas e empurrados a subempregos que pagam muito menos do que o necessário para sobrevivência.
A única saída para o povo negro é a organização da luta popular, com o objetivo de barrar as ações da direita genocida e derrubar o governo Bolsonaro e seus apoiadores, que patrocinaram o golpe de 2015 e a fraude eleitoral de 2020. Sem luta, sem organização não existe possibilidade de mudança real.Redação, Diário Causa Operária