Em nota para a imprensa no dia 31 de março de 2021, o Banco Central comunicou que a dívida bruta dos governos no Brasil atingiu o patamar dos 90% do PIB (Produto Interno Bruto). A elevação foi de 0,6% em fevereiro, a R$6,744 trilhões de reais, se bem que para o governo o gosto seria informar em dólares, ou seja, US$1,187,324,000,00.
Mesmo sabendo de tais números antes da divulgação oficial, Roberto Campos Neto, Presidente do Banco Central, destacou uma semana antes que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) estava bem provisionado e com boa liquidez.
Não é para menos, o presidente do BC anunciou a liberação de R$1,2 trilhão de reais para os bancos, enchendo o SFN de liquidez. Usar crises do capitalismo para encher os bancos de dinheiro é algo recorrente e repleto propaganda enganosa. Segundo os capitalistas, a quebra do sistema geraria um colapso geral e fortaleceria os bancos via essa metodologia, embora pareça imoral, é tecnicamente responsável pela segurança ao sistema dada às instituições financeiras para manutenção das concessões de crédito.
Os bancos são os únicos garantidos em sua razão de ser nesta pandemia. O governo o alimenta com o Ativo principal, dinheiro público, para que esses façam seus lucros que chegam a 100 bilhões de reais por ano, no geral divididos entre dez ou quinze famílias e outro tanto aos capitalistas menores.
A elevação da dívida pública significa que o governo deixou mais títulos da dívida nas mãos daqueles que receberão enormes lucros com isso, lucros que inviabilizam a sociedade brasileira num rumo que nunca sai do prumo.
A diretriz do governo Bolsonaro é obedecer a seus “patrões”, como ele mesmo disse, os banqueiros e certos empresários. Por isso, diante da enorme crise capitalista, agravada pela pandemia, o desemprego desenhado pelos neoliberais, como Paulo Guedes – para baixar ainda mais o valor da mão de obra do trabalhador brasileiro – continua crescendo após a destruição dos direitos trabalhistas via liquidação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) com a reforma trabalhista.
Não é por acaso que o governo vê vantagem no aumento da exploração da classe trabalhadora, enquanto trata como desperdício pagar ajuda emergencial para permitir que o trabalhador sobreviva a crise capitalista e a pandemia. O aumento da dívida pública, neste sentido, não é uma fatalidade, mas uma expressão da política dos golpistas, que aumenta a desigualdade social no Brasil numa velocidade relacionada a das quase 4 mil mortes diárias por coronavírus.