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Organização de derrotas

Enquanto direita roubava a previdência no Paraná, APP encerrava greve

Na contramão da disposição de luta dos trabalhadores em Educação do Paraná, que ocuparam a Assembleia Legislativa, direção encerra greve e orienta luta na Justiça

Nesta quarta (4), a direção da APP-Sindicato dos trabalhadores em Educação Pública do Paraná, encerrou a greve contra os ataques do governo e dos deputados golpistas, que aprovaram o roubo da previdência estadual através da PEC 16/2019.

Na contramão da base da categoria, que ocupou à ALEP (Assembleia Legislativa do Paraná) na última terça (3) para impedir o roubo da previdência, a direção dá mais uma demonstração da sua completa capitulação frente ao governo bolsonarista de Ratinho Jr. (PSD-PR).

Isto porque essa mesma direção, em julho, num momento de acirramento da mobilização e recuo parcial do governo Ratinho, ao invés de impulsionar a decisão dos comandos de greve, que decidiram manter a paralisação, colocou-se contra a continuidade do movimento.

Mais que isso, naquele momento, confundindo o movimento, a direção chamou a categoria a lutar pela substituição do Secretário da Educação de Ratinho Jr, Renato Feder, sob a palavra de ordem de “Fora Feder”, dizendo que o problema não era o governo de conjunto, mas sim a relação da SEED (Secretaria de Educação) com a categoria, como se o secretário comandasse uma pasta de si mesmo e não fizesse parte da política do governo como um todo.

Como se não bastasse, para defender que a categoria não avançasse diante do recuo da direita, o que era a política correta, a direção vendeu o recuo parcial do governo como uma vitória do movimento, defendendo a necessidade de recuo da greve sob o argumento de que “seria necessário guardar munição para uma possível greve contra a reforma da previdência”.

Foi assim que a direção reformista aceitou:

O não pagamento da data-base atrasada desde 2016 (governo Richa-PSDB, do qual Ratinho era secretário), que já soma mais de 17% de perda salarial, equivalente a 2 salários por ano;

A realização de prova para PSS (Processo Seletivo Simplificado), trabalhadores temporários, uma espécie de terceirizados da categoria;

O parcelamento da reposição salarial do último ano 4,94% referente a inflação de abril de 2018 a maio de 2019, que será pago 2% em janeiro de 2020, 1,5% em janeiro de 2021 e 1,5% em janeiro de 2022;

A formação de comissões entre governo, sindicato e deputados, para tratar do caso das perícias médicas e dos professores temporários (dando a entender que o caminho para as conquistas se daria através do trabalho em conjunto com o governo de extrema direita do Paraná e não através da luta contra ele);

E vendeu como vitórias suficientes:

A retirada do PLC 04/2019;

O pagamento do mínimo regional e reajuste do auxílio transporte e alimentação para os Agentes Educacionais I;

A manutenção da eleição de diretores de escola como é atualmente;

Essa política de substituição do secretário, uma espécie de reforma governo bolsonarista do Paraná, a famosa política de “colocar a direita na linha” e de evitar que a categoria se chocasse diretamente contra o governo Ratinho Jr., foi corretamente apelidada de “fica Ratinho”, uma vez que a direção se recusou a adotar a palavra de ordem de “Fora Ratinho e todos os golpistas”. Portanto, a derrota da categoria não foi um raio em céu azul, mas sim o resultado da política totalmente capituladora da direção, que desmontou a greve, levando todos os trabalhadores à derrota.

Desarmados pela política da direção e desanimados com a derrota, a mobilização da categoria refluiu no 2º semestre e fez com que sua participação na greve nacional da Educação fosse residual. De lá para cá, a direção manteve a política de luta a conta-gotas, até a nova ofensiva do governo, que enviou para a ALEP uma lei para roubar a aposentadoria do funcionalismo.

Apesar de toda essa vacilação e erros sistemáticos da sua liderança, os trabalhadores em Educação se levantaram contra o ataque à previdência, ocupando a ALEP durante a votação da reforma e expressando a tendência à mobilização.

Inclinada a lutar contra o governo bolsonarista do Paraná, no entanto, a categoria foi novamente barrada pela política organizadora de derrotas da sua direção. Enquanto os deputados votavam o roubo da previdência encastelados na Ópera de Arama, protegidos pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar, a direção suspendia a greve, propagando a ideia que a luta agora será na Justiça burguesa.

No entanto, o que teria ocorrido se a direção tivesse utilizado todos os recursos do maior sindicato do estado para intensificar a ocupação? Se a ocupação se mantivesse mesmo após a aprovação do roubo, para denunciá-lo e intensificar a greve, como a base teria respondido? E as bases das outras categorias do funcionalismo? Mais, por que a direção não mobilizou amplamente as bases em torno da ocupação? Por que não publicou boletins, imagens em redes sociais, chamados de vídeo, texto, fez caravanas de todos os mais de 30 núcleos sindicais espalhados pelo Paraná?

Com toda a mobilização e disposição de luta vista apesar da política de freio de mão puxado da direção, caso houvesse o mínimo de chamado à mobilização e organização da greve e da ocupação, estaria agora o governo se equilibrando na corda bamba, com a ALEP sitiada e tomada pelos trabalhadores.

Por isso, os trabalhadores do Paraná precisam extrair dessa derrota a experiência de que a política de luta apenas por pressão parlamentar e desgaste eleitoral, não vai garantir seus direitos. Precisam tirar as conclusões que a história recente e os acontecimentos na América latina tem mostrado, de que só a mobilização popular radicalizada pode fazer avançar a luta dos oprimidos.

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