A empresa Suzano Papel e Celulose, empresa fabricante de papel a partir do Eucalipto, ajuizou ação para pedir a reintegração de posse da área na região do entorno da estrada que dá acesso a Itaúna, em Conceição da Barra, norte do estado do Espírito Santo.
A área é ocupada hoje por quilombolas e agricultores familiares que há mais de 10 anos retomaram o local. Sob posse da Suzano, ocorreu uma degradadas intensa em virtude da plantação de eucalipto. As famílias de sem terra retomaram a fazenda para recuperar a terra e ter meios de sobrevivência diante da falta de empregos na cidade.
A terra de cerca de 200 hectares que anteriormente servia apenas para plantações de eucalipto para fabricação de papel, hoje realiza projetos de agroecologia por meio da implantação de sistema agroflorestal, aliando árvores nativas com outras frutíferas, e plantios diversos.
Recentemente a área vem sendo invadida por pessoas de outras cidades e outros estados capitaneados por associações de moradores que nunca antes existiram e se apresentam também como ocupantes da área.
Empresários da região vêm loteando e vendendo a terra quilombola e usam as associações de fachada para tentar regularizar os loteamentos junto à Prefeitura Municipal.
Desde de o golpe de 2016 e a subida ao poder de Michel Temer/Jair Bolsonaro, os processos de reconhecimento das terras indígenas e quilombolas foram interrompidos e a Suzano continua como proprietária.
A Suzano entrou com pedido de reintegração de posse da fazenda Estrela do Norte que deve ser realizado no próximo dia 11 de março. O temor é que não só os invasores sejam expulsos, mas também os quilombolas e os agricultores tradicionais.
Os quilombolas nunca tiveram conflitos de interesse com outros moradores da região e o trabalho ali realizado é reconhecido pelos moradores de Itaúna como importante para abastecer de alimentos a população da cidade.
Os representantes dos quilombolas prepararam uma carta com apoio de diversas entidades, para pressionar que as famílias locais sejam mantidas nas áreas de retomada. Diante da pressão especuladores seria necessário a organização dos quilombolas para resistir à reintegração de posse, buscando o apoio da população local e de outras entidades do entorno.
A Suzano com toda certeza não se preocupará com o interesse dessas pessoas e busca simplesmente recuperar a área para si, talvez até para facilitar a venda da área justamente para esses especuladores que hoje estão em conflito aberto com os quilombolas e os agricultores familiares. Aliás, a própria Suzano já atacou os quilombolas diretamente, e não resta dúvida de qual é o seu interesse.
Os quilombolas não deve depositar nenhuma confiança no Judiciário, que está a serviço dos capitalistas e nunca defendeu o interesse da classe trabalhadora ou dos camponeses e sem terra.
O judiciário irá decidir única e exclusivamente de acordo com o interesse da Suzano, que evidentemente não irá entregar a área de mão beijada para os quilombolas e agricultores familiares.