A Folha de S. Paulo tornou-se um veículo de propaganda positiva do governador de São Paulo, o tucano João Doria, carinhosamente apelidado pela população paulistana de ”João escória”. O jornal golpista ao tratar do governador de São Paulo sai do campo do jornalismo e adentra ao da literatura, ainda que de baixíssima qualidade. Pública verdadeiros folhetins; verdadeiras peças literárias, em que, apoiado em muita fantasia, mentira e cinismo apresenta Doria como um governador científico, civilizatório, em oposição ao governo federal, obscurantista e bárbaro. Somente na ficção Doria pode adquirir tais qualidades.
No editorial de 27/01/2022, intitulado: “Dobrar o alcance”, o jornal golpista justifica e defende a política criminosa de João Doria de propor aumentar o período de reforço da vacina Coronavac; a aplicação da segunda dose. Doria pretende adiar por um prazo maior que 28 dias, ignorando assim o protocolo; a própria bula do remédio mostra que a segunda dose deve ser aplicada em até 28 dias e não mais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orienta que seja seguido a bula. Não existem ainda resultados que comprovem a eficácia ou efeitos colaterais da aplicação da segunda dose em um prazo estendido.
Doria como um governador científico acredita que não é necessário respeitar esses protocolos científicos, e por questões de propaganda política coloca em risco a população. O governador do PSDB decidiu aplicar como primeira dose as cerca de 368 mil vacinas que dispõe até agora, sem contudo ter qualquer previsão de quando terá novas doses do imunizante, como um bom científico que é, decidiu, da sua própria cabeça, ampliar o prazo entre uma dose e outra para ganhar mais tempo.
A Folha de S. Paulo parabeniza Doria pela sua genialidade, se algo está para vencer, basta ampliar o prazo de validade, então tudo estará resolvido, exceto o fato de o produto estar estragado. Segundo esse jornal seríssimo aos olhos de setores da esquerda, firma:
“Diante da escassez de vacinas, fruto da incúria do governo Jair Bolsonaro —que chega ao acúmulo de retardar a resposta sobre o interesse em 54 milhões de doses adicionais do produto do Butantan—, existem sem dúvida boas razões em favor da postergação”.
Umas das razões se deve ao fato de que:
“Não faria sentido manter metade do ínfimo estoque na prateleira quando há mais vacinas por chegar; melhor imunizar o máximo de pessoas já e adiar por pouco tempo a segunda dose”.
O governo argumenta que na Turquia, teria havido um tempo maior que 28 dias entre a primeira e a segunda dose e com resultado de imunização maiores do que 50,4%, que é o índice de imunização da Coronavac. A Turquia segue um programa de vacinação e já imunizou mais de um milhão de pessoas, diferentemente do Brasil, que não imunizou sequer uma pessoa. O fato é que não há comprovação científica do efeito da extensão do prazo, o que o governo pretende é transformar as pessoas cobaias por conta de sua completa incompetência.
A Folha de São Paulo apoia Doria como parte da política da frente ampla, o bloco político mais fundamental e poderoso da burguesia conformar um movimento com o objetivo de apresentar-se como alternativa de salvação nacional ao bolsonarismo, apresentando Doria, o Bolso-Doria, como o líder deste movimento fajuto, há ainda outros postulante ao cargo de líder do movimento, mas Doria passou, nesse momento, a frente dos outros.
A imprensa capitalista procura criar uma ficção para apresentar Doria como um político respeitável ou pelo menos, diante da dificuldade da tarefa, normal. Acontece que na realidade Doria é tão científico e civilizatório quanto Bolsonaro. A política de Doria em relação a pandemia é igual a de Bolsonaro, com alguma nuance. O fato mostra que tanto a extrema-direita e a direita tradicional são extremamente nocivos à vida do povo brasileiro.
Do ponto de vista dos trabalhadores, apoiar um ou outro lado nessa luta entre setores da classe dominante é escolher qual lado irá esmagar e explorar os trabalhadores, não há nada de progressista nessa política.
Toda essa farsa veiculada na imprensa capitalista é corroborada por um setor de esquerda, que está ligada a política da frente ampla. O Sr. Guilherme Boulos, do PSOL, já qualificou esse Diário como um folhetim, deu ao termo um tom pejorativo, sem explicar exatamente qual motivo da comparação.
Hoje esse mesmo Sr. é funcionário da Folha de S. Paulo e, podemos presumir, que considera o monopólio no qual trabalha como um veículo sério e respeitável, mesmo sendo um antro de mentiras e vigarice.
Na verdade sua atuação neste veículo, que é capaz de defender a ação criminosa de Doria colocando em risco a população, tem o sentido de influir em setores da esquerda em favor da política da frente ampla, que nesse momento é apresentar Doria como salvador da pátria, e se não é o ideal é ao menos o mal menor. Essa é a política direita que arrasta setores da esquerda. Para se contrapor a essa política dos piores inimigos do povo, é preciso constituir uma ação e uma política independente da classe trabalhadora e do conjunto dos setores oprimidos, uma campanha pelo fora Bolsonaro, para se contrapor a extrema-direita, pelos direitos políticos e pela candidatura do ex-presidente Lula, para destruir a política da direita tradicional frente amplista.
